Os Zanj, povos escravizados oriundos em grande parte de África, revoltaram-se quando lhes foi ordenada a construção de um enorme sistema de canais, onde é hoje o atual Iraque. A revolução durou uma década. Foram dos escravos mais sindicalistas da história.
Há cerca de 1.200 anos, entre 869 e 883 d.C. o grupo conhecido como Zanj foi obrigado a construir um grande sistema de canais, no atual Iraque. Contudo, os escravos desafiaram a autoridade e revoltaram-se.
Os Zanj eram escravos levados de África que serviam o Califado Abássida, que governou a região de 750 a 1258 d.C.. E sistema de canais estendeu-se por cerca de 800 quilómetros quadrados e que era utilizado para irrigar a agricultura perto da cidade de Bassorá.
No entanto, um estudo publicado na semana passada no Antiquity revelou que a rebelião perturbou o controlo do Califado Abássida sobre a região.
A revolta do século IX não foi a primeira rebelião dos Zanj.
Segundo a Live Science, também se revoltaram em 689-690 e 694-695. No entanto, ambas as insurreições foram rapidamente suprimidas. Em contrapartida, a terceira revolta acabou por “desencadear mais de uma década de agitação até o Estado Abássida recuperar o controlo da região”, segundo o novo estudo.
A vida de um escravo a escavar canais era brutal e os textos medievais fornecem algumas pistas sobre como era a vida dos Zanj.
“Os trabalhadores que construíam este sistema tinham de escavar os canais e amontoar a terra para formar as grandes cristas que hoje podemos ver no solo”, explicou à Live Science, o líder da investigação Peter J. Brown.
Revolução que de pouco adiantou
Apesar de uma década de rebelião, e da luta peristente dos Zanj, o novo estudo aponta que a escravatura continuou, no pós-883.
Para Kristina Richardson, professora de línguas e culturas do Médio Oriente e do Sul da Ásia e história na Universidade da Virgínia, que não esteve envolvida na investigação, referiu à Live Science que a possibilidade de os escravos terem continuado a ser utilizados nos canais após a rebelião é um dado crucial.
“As descobertas são extraordinárias e surpreendentes, porque contrariam o consenso histórico de que os habitantes do Médio Oriente deixaram de usar os africanos orientais como escravos agrícolas após a supressão da Rebelião Zanj em 883“, considerou.
Alguém passe esta informação ao pessoal do politicamente correto, pois para eles, escravagistas são só os europeus.
De facto a escravatura foi uma prática muito comum nas civilizações antigas, tal como depois foi no império romano, bastante acentuado na expansão do islão e também, por fim, entre os cristãos europeus. Digo por fim, porque os europeus mediatizaram a prática, também a internacionalizaram ao extremo (fizeram correntes migratórias continentais) e foram os mesmos que tomaram consciência de a terminar. Não esqueçamos que o início dos descobrimentos portugueses teve algumas razões que explicam, mas destaco três razões mais importantes. Ceuta foi o inicio. A expansão territorial; a captura das rotas do ouro, porque Portugal pretendia acesso a esse metal que não tinha e o acesso à captura de escravos porque desde o início da conquista do território (Afonso I) percebeu-se que os muçulmanos tinham escravos (negros africanos) e os reis de Portugal, e os outros cristãos não. Em termos de sucesso militar isso era fundamental, ter alguem que ficasse a trabalhar as terras e o gado enquanto os senhores iam para a guerra e também lá levassem escudeiros escravos., tudo a custo baixo (o da sua captura/compra e manutenção, sem salário portanto). Quase todos os escravos que Portugal levou para o Brasil nos séculos seguintes não foram efectivamente capturados por portugueses, mas sim transaccionados vantajosamente e a custos ínfimos com diversos reinos africanos. Comércio puro, compra e venda de pessoas. Na história, na memória da história, os povos africanos esquecem-se de responsabilizar os seus ancestrais, que foi quem capturou centenas de milhares de conterrâneos para depois os vender ou trocar com os europeus.