Os Zanj foram dos escravos mais sindicalistas da história

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Ahmad Barakizadeh / Wikimedia

Escultura de homenagem à rebelião Zanj

Os Zanj, povos escravizados oriundos em grande parte de África, revoltaram-se quando lhes foi ordenada a construção de um enorme sistema de canais, onde é hoje o atual Iraque. A revolução durou uma década. Foram dos escravos mais sindicalistas da história.

Há cerca de 1.200 anos, entre 869 e 883 d.C. o grupo conhecido como Zanj foi obrigado a construir um grande sistema de canais, no atual Iraque. Contudo, os escravos desafiaram a autoridade e revoltaram-se.

Os Zanj eram escravos levados de África que serviam o Califado Abássida, que governou a região de 750 a 1258 d.C.. E sistema de canais estendeu-se por cerca de 800 quilómetros quadrados e que era utilizado para irrigar a agricultura perto da cidade de Bassorá.

No entanto, um estudo publicado na semana passada no Antiquity revelou que a rebelião perturbou o controlo do Califado Abássida sobre a região.

A revolta do século IX não foi a primeira rebelião dos Zanj.

Segundo a Live Science, também se revoltaram em 689-690 e 694-695. No entanto, ambas as insurreições foram rapidamente suprimidas. Em contrapartida, a terceira revolta acabou por “desencadear mais de uma década de agitação até o Estado Abássida recuperar o controlo da região”, segundo o novo estudo.

A vida de um escravo a escavar canais era brutal e os textos medievais fornecem algumas pistas sobre como era a vida dos Zanj.

“Os trabalhadores que construíam este sistema tinham de escavar os canais e amontoar a terra para formar as grandes cristas que hoje podemos ver no solo”, explicou à Live Science, o líder da investigação Peter J. Brown.

Revolução que de pouco adiantou

Apesar de uma década de rebelião, e da luta peristente dos Zanj, o novo estudo aponta que a escravatura continuou, no pós-883.

Para Kristina Richardson, professora de línguas e culturas do Médio Oriente e do Sul da Ásia e história na Universidade da Virgínia, que não esteve envolvida na investigação, referiu à Live Science que a possibilidade de os escravos terem continuado a ser utilizados nos canais após a rebelião é um dado crucial.

“As descobertas são extraordinárias e surpreendentes, porque contrariam o consenso histórico de que os habitantes do Médio Oriente deixaram de usar os africanos orientais como escravos agrícolas após a supressão da Rebelião Zanj em 883“, considerou.

Miguel Esteves, ZAP //

1 Comment

  1. Alguém passe esta informação ao pessoal do politicamente correto, pois para eles, escravagistas são só os europeus.

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