Os peixes são cada vez mais pequenos e a culpa é da nossa boca

Os organismos estão a ficar cada vez mais pequenos, especialmente os peixes. Se, por um lado, as raias espinhosas estão a perder dimensão, por exemplo; por outro, a cavala – que tem um tamanho mais reduzido – está a aumentar em abundância. Os responsáveis são o aquecimento global e a nossa alimentação.

Os organismos estão a ficar mais pequenos – é o que indica um estudo que analisou diversas espécies de animais e plantas.

O estudo, publicado no início do mês na revista Science, concluiu que a diminuição do tamanho do corpo é mais comum nos peixes.

A investigação analisou dados mundiais dos últimos 60 anos e constatou que certos animais estão a ficar mais pequenos, através de uma combinação de substituição de espécies e mudanças dentro das espécies.

Segundo um comunicado sobre o estudo divulgado, esta quarta-feira, pela Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa (FCUL), os autores do trabalho consideram que as mudanças podem dever-se às preferências alimentares dos seres humanos ou ao aquecimento dos habitats dessas espécies.

“Seja pelas preferências alimentares dos seres humanos, ou por causa do aquecimento dos seus habitats, os peixes grandes simplesmente não conseguem descanso”, explicou, em comunicado, Inês Martins, autora principal do estudo.

Há que garantir estabilidade ao habitat

“Em alguns locais, por exemplo, têm sido observados indivíduos cada vez menores de raias espinhosas“, constatou Inês Martins, que conduziu o estudo enquanto investigadora da Universidade de St Andrews, na Escócia.

“Enquanto que espécies com um corpo menor, como por exemplo a cavala, estão a aumentar em abundância”, esclareceu a investigadora na Universidade de York, no Reino Unido e antiga aluna da FCUL.

Sendo que são os peixes que mais diminuem de tamanho os autores da investigação notam que entre outros grupos de organismos, como plantas e invertebrados, há alterações variadas e complexas, com organismos a tornar-se maiores e outros a diminuir.

Maria Dornelas, coordenadora do estudo e investigadora da FCUL e da Universidade de St Andrews, explicou, citada no comunicado, que os resultados do estudo sugerem que quando grandes organismos desaparecem outros tentam ocupar o seu lugar e utilizar os recursos que se tornam disponíveis.

O estudo também observou a substituição de alguns organismos grandes por muitos pequenos, mantendo constante a biomassa total, o que apoia a ideia de que os ecossistemas tendem a compensar as mudanças, mantendo a biomassa global das espécies estudadas num determinado habitat estável.

ZAP // Lusa

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