/

Os mapas mais racistas do mundo baseavam-se num “Índice Cefálico”

Wikimedia Commons

mapa racista

Desde as cabeças mais longas (e mais claras) às mais redondas (e mais escuras): eis o mapa baseado no Índice Cefálico

Dolicocéfalo, Mesocéfalo ou Braquicéfalo? Dos mais longos aos mais redondos, estes “Índices Cefálicos” resultaram numa paisagem composta pela estrutura dos crânios humanos.

Antes da Segunda Guerra Mundial, circulavam mapas que retratavam o planeta Terra de uma maneira peculiar e…racista.

Sem qualquer tipo de limites políticos, naturais ou culturais, estes desenhos a preto e branco propunham uma distribuição geográfica com base num “Índice Cefálico” — mas afinal, que diferenças cranianas são essas?

O racismo científico é algo que tem estado presente desde finais de século XIX ou, por outras palavras, desde que alguns assumiram que as diferenças físicas entre humanos devem-se às diferenças raciais e se refletem no comportamento humano.

As três raças europeias, segundo o índice

WikiSource

índice cefálico crânios

Três diferentes crânios que permitem identificar as raças europeias, segundo o Índice Cefálico

Autor destes polémicos mapas, William Z. Ripley era, recorda o Big Think, muito polivalente: sociólogo e economista, era antropologista racial nos tempos livres e inventou uma forma de medição das diferenças raciais europeias, com fatores como a altura, cor do cabelo e…estrutura craniana.

O “Índice” é simples: basta multiplicar a largura do crânio por 100 e dividir pelo comprimento para determinar o tipo de crânio e, a partir daí, chegar a uma conclusão: “a qual das três raças da Europa [inventadas por Ripley] pertence a cabeça?”

Um crânio com um resultado abaixo de 75 no índice (ou seja, uma cabeça longa/Dolicocéfalo), indicaria que o europeu era Teutónico, nortenho e de cabelo e olhos claros; um resultado acima de 81 em homens e 83 em mulheres (cabeça curta/Braquicéfalo) indicaria estarmos perante um Alpino, de estatura média e cor intermédia de olhos e cabelo; já um resultado entre os 75 e os 81/83 (cabeça média/Mesocéfalo) apontava para a presença de um Mediterrâneo, pequenos, de cabelo e olhos escuros.

Wikimedia Commons

O mapa cefálico. “As zonas mais negras indicam cabeças relativamente mais curtas”

A teoria disparatada foi continuamente desmentida e progressivamente abandonada. Aliás, uma investigação de inícios do séc. XX mostrou que a nutrição e o ambiente são fatores muito mais relevantes do que a genética na formação craniana, com filhos a exibir uma estrutura muito distinta dos seus pais.

O índice é hoje usado exclusivamente para identificar raças… de cães e gatos.

Tomás Guimarães, ZAP //

Siga o ZAP no Whatsapp

Deixe o seu comentário

Your email address will not be published.