A prevalência de transtornos mentais em Portugal está entre as mais elevadas da União Europeia (UE), estimando-se que o problema afetasse cerca de 22% da população em 2019. Os homens têm quase quatro vezes mais probabilidades de se suicidarem, mas a taxa de suicídio em Portugal é inferior à média da UE, tendo descido mais de 10% na última década.
22% da população portuguesa (2,25 milhões de pessoas) tinham, em 2019, transtornos mentais, quando a média da UE era de 16,7%.
A conclusão é de um estudo Instituto de Métricas e Avaliação em Saúde da Universidade de Washington, divulgado, esta sexta-feira, pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE).
“Os transtornos de ansiedade foram os mais prevalentes, afetando aproximadamente 9% da população, seguidos dos transtornos depressivos (6%) e dos relacionados com o consumo de álcool e drogas (4%)”.
Mulheres mais depressivas
Em relação à depressão, as mulheres portuguesas apresentam taxas mais altas do que os homens, tal como noutros países da UE.
No entanto, os dados de Portugal mostram “a maior disparidade de género na prevalência da depressão” em toda a União, com 2,2 mulheres que dizem sofrer de depressão por cada homem, quando o rácio médio do bloco é de 1,6 mulheres para cada homem.
Homens mais suicidas
Por outro lado, os homens têm quase quatro vezes mais probabilidades de se suicidarem, indica o estudo, assinalando que a taxa de suicídio em Portugal é inferior à média da UE e que desceu mais de 10% na última década.
Ainda assim, o suicídio em Portugal “continua a ser um problema de saúde pública, especialmente nas regiões do sul” e constituiu 0,76% de todas as mortes em 2020, indicando a investigação e a prática clínica que os problemas de saúde mental são fatores de risco significativos.
Há falhas nos serviços
O perfil do país revela ainda que os serviços especializados para o tratamento dos transtornos mentais enfrentam dificuldades devido à “escassez de pessoal e à falta de critérios de referência padronizados”, o que leva a longas listas de espera.
Adianta que o Programa Nacional para a Saúde Mental deverá melhorar a disponibilidade dos serviços de saúde mental e atenuar as suas disparidades regionais nos próximos anos.
De acordo com o estudo, o Serviço Nacional de Saúde (SNS) enfrenta desafios na contratação de médicos e enfermeiros, “afetando a atratividade do trabalho no setor público os relativamente baixos salários e as condições de trabalho stressantes”.
O resultado é uma “diminuição da cobertura” do SNS, variando as dificuldades de acesso aos cuidados entre os serviços e as regiões.
ZAP // Lusa
Sobre esta “desigualdade de género” não é costume ouvir falar…