Andrei Pivovarov condenado a quatro anos de prisão efetiva. É acusado de ter militado numa organização proibida.
O opositor russo Andrei Pivovarov foi hoje condenado a quatro anos de prisão efetiva, mais de um ano após a sua detenção, acusado de ter militado numa organização proibida, com base em publicações no Facebook, indicaram os seus apoiantes.
“Andrei Pivovarov foi condenado a quatro anos numa colónia penal com proibição de atividades sociopolíticas por um período de oito anos”, escreveu a sua equipa no Twitter.
“Após um exame ao conteúdo do dossier e examinados os numerosos elementos de prova validados e apresentados pelas partes, o tribunal chegou à conclusão que foi provada a culpabilidade do acusado”, indicou o serviço de imprensa do tribunal, citado pela agência noticiosa TASS.
Em 31 de maio, agentes dos serviços de segurança retiraram Pivovarov de um avião que se preparava para descolar de São Petersburgo em direção a Varsóvia.
Alguns dias antes, tinha anunciado a autodissolução da sua organização Otkritaia Rossia (Rússia aberta), ligada ao ex-oligarca e opositor exilado Mikhail Khodorkovsky, que também cumpriu diversos anos de prisão na Rússia.
Pivovarov justificou a dissolução do seu movimento por considerar que seria rotulado de “indesejável”, expondo os seus militantes, membros e funcionários a inquéritos judiciais.
Após a sua detenção, foi transferido para uma prisão na cidade de Krasnodar, sul da Rússia, onde foi julgado.
No último dia do seu processo, em 11 de julho, Andrei Pivovarov, 40 anos, pronunciou-se na sala de audiências e denunciou as perseguições políticas dirigidas aos críticos do Presidente russo Vladimir Putin.
“Este caso contra mim é vingança pura devido às minhas opiniões, às minhas atividades políticas”, disse o opositor.
Desde o início da ofensiva, em 24 de fevereiro, as autoridades russas têm intensificado a repressão contra as vozes críticas da invasão, afastando muitos deles para o exílio e detendo ou processando judicialmente outros.
Na quarta-feira, um tribunal de Moscovo decretou a prisão preventiva para Ilya Yashin, um dos últimos opositores do Kremlin que ainda se mantém na Rússia e que foi acusado, como outros, por criticar a “ofensiva militar” russa na Ucrânia.
Ilya Yashin, de 39 anos, vai continuar detido pelo menos até 12 de setembro, anunciou o tribunal, que atendeu ao pedido do procurador.
Algumas dezenas de pessoas reuniram-se do lado de fora do tribunal em apoio ao político, segundo noticiou a AFP.
Yashin tem sido uma figura muito ativa na oposição liberal contra o regime russo desde os anos 2000, tendo participado num grande movimento de mobilização contra o Presidente Vladimir Putin, em 2011-2012.
É igualmente aliado do ativista anticorrupção Alexei Navalny, reconhecido por ser o principal adversário de Putin.
Navalny está a cumprir uma pena de nove anos de prisão em “regime severo” numa cadeia de alta segurança a norte de Moscovo, após ter sido julgado por “fraude” e “desobediência ao tribunal”.
Outra proeminente figura da oposição, Vladimir Kara-Mourza, está em prisão preventiva desde abril por acusações semelhantes às de Yashin.
Já o representante municipal de Moscovo Alexei Gorinov, foi condenado em 08 de julho a sete anos de prisão por ter denunciado o ataque russo à Ucrânia.
Outro exemplo, Alexandra Skotchilenko, uma artista de São Petersburgo presa desde abril, aguarda julgamento por colar autocolantes pacifistas num supermercado.
Na semana passada, o Parlamento votou uma série de textos que preveem penas de prisão pesadas para reprimir pedidos para agir contra a segurança nacional ou a cooperação “confidencial” com estrangeiros.
Desde fevereiro, a Rússia também bloqueou vários meios de comunicação russos e estrangeiros no seu território, bem como algumas das maiores redes sociais, como o Twitter, Facebook e Instagram.
// Lusa