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ONU falhou na sua própria investigação a abusos sexuais dos capacetes azuis

A Organização das Nações Unidas admitiu internamente que falhou na sua investigação aos abusos sexuais praticados pelos capacetes azuis na República Centro-Africana.

A Organização das Nações Unidas (ONU) falhou na sua investigação aos abusos sexuais praticados pelos capacetes azuis na República Centro-Africana (RCA), desiludindo as vítimas, segundo um esboço de relatório, agora conhecido. O documento, escrito em 2017 mas nunca divulgado, foi transmitido à agência The New Humanitarian e consultado pela Associated Press (AP).

Uma série de investigações da AP, feitas nesse ano, revelou cerca de duas mil alegações de abuso e exploração sexual por parte dos capacetes azuis em todo o mundo durante um período de tempo de 12 anos.

Com referência a 2016, a maior parte das alegações daqueles abusos e daquelas explorações (52) foi feita na República Centro-Africana, onde o contingente de capacetes azuis da missão da ONU no país, a MINUSCA, rondava então os 11 mil efetivos.

A investigação falhada a estas alegações na República Centro-Africana custou à ONU mais de 480 mil dólares, cerca de 431 mil euros. Um armazenamento inadequado estragou as amostras de ADN que tinham sido recolhidas para ligar as vítimas aos alegados autores, segundo o documento.

A República Centro-Africana caiu no caos e na violência em 2013, depois do ex-Presidente François Bozizé ser derrubado por grupos armados (os Séléka), o que suscitou a oposição de outras milícias, agrupadas sob a designação anti-Balaka.

O Governo centro-africano controla um quinto do território. O resto é dividido por mais de 15 milícias que procuram obter dinheiro através de raptos, extorsão, bloqueio de vias de comunicação, recursos minerais (diamantes e ouro, entre outros), roubo de gado e abate de elefantes para venda de marfim.

Um acordo de paz foi assinado em Cartum, capital do Sudão, no início de fevereiro pelo Governo e por 14 grupos armados. Um mês mais tarde, as partes entenderam-se sobre um governo inclusivo, no âmbito do processo de paz.

Portugal está presente na República Centro-Africana desde o início de 2017, no quadro da MINUSCA, cujo 2.º comandante é o major-general Marcos Serronha, com a 6.ª Força Nacional Destacada (FND), e militares na Missão Europeia de Treino Militar-República Centro-Africana, cujo 2.º comandante é o coronel António Grilo.

A 6.ª FND, que tem a função de Força de Reação Rápida, integra 180 militares, na sua maioria Paraquedistas, pertencendo 177 ao Exército e três à Força Aérea. Na RCA estão também 14 elementos da Polícia de Segurança Pública.

ZAP // Lusa

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