11 meses ou 22 anos. “Onde raio anda a ministra da Saúde?”

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António Pedro Santos / Lusa

A ministra da Saúde, Ana Paula Martins

André Ventura questionou este sábado “onde raio anda a ministra da Saúde” perante os serviços de urgência encerrados. Pedro Nuno Santos diz que a  situação do SNS está hoje ainda pior que há um ano. Montenegro discorda: “não quer dizer que agora esteja bem”, mas já esteve pior.

“Tivemos este sábado 7 urgências fechadas no país”, começou por referir André Ventura, numa conferência de imprensa que decorreu na sede do partido, em Lisboa, ao final do dia.

Depois do debate “na última semana, em que o primeiro-ministro defendeu o trabalho que o Governo tinha feito na saúde, ao contrário do Chega, que lhe apontou as falhas gravíssimas que os portugueses sentiam dia a dia na saúde, hoje ficou a melhor prova de todas que o primeiro-ministro mentiu e omitiu“, apontou.

E argumentou: “Mentiu quando disse que a saúde estava a recuperar melhor, pois não se pode imaginar que estejamos com mais urgências fechadas este ano do que no ano passado.”

Este domingo estarão “oito urgências encerradas também, para já, em todo o país, sobretudo na região de Lisboa e de Vale do Tejo”, prosseguiu Ventura, referindo que “é um falhanço gigantesco do Governo que tem de ser apontado”.

Perante esta situação, “onde raio anda a ministra da Saúde, num dia em que as urgências são fechadas, em que há hospitais que não estão a atender como deviam, onde é que anda a ministra da Saúde”, questionou André Ventura.

“Não sabemos o que pensa a ministra da Saúde e não sabemos como vão resolver o problema, isto é o drama verdadeiro de um Governo incompetente e ausente”, porque “não tratou de num ano fazer o que António Costa não fez“, e sabendo que há escalas de férias e de ausências, “sobretudo em dias feriados e em dias de férias, nada fez para acautelar que essa saúde era acessível”, elencou.

Por isso, o Chega vai procurar na próxima semana que “seja possível, embora com dificuldade, chamar de urgência a ministra ao Parlamento para dar uma explicação sobre o que se passa na saúde”.

Esta é “a última semana antes do início formal da campanha eleitoral, há também uma reunião da Comissão Permanente na quarta-feira” e como na terça-feira há conferência de líderes o “Chega procurará, dada a situação absolutamente emergente e extraordinária, chamar à responsabilidade a ministra da Saúde”, afirmou.

Isto porque “não é aceitável, estejamos à porta da campanha eleitoral ou não, que se aceite que o país tenha sete, oito, 10 ou 15 urgências fechadas, no momento em que as pessoas estão em casa ou que estão ausentes do seu local de trabalho e se precisam de saúde não a têm, ou têm de recorrer ao setor privado”.

11 meses ou 22 anos

Também Pedro Nuno Santos acusou este sábado Luís Montenegro de não assumir responsabilidades pela “situação do SNS, que está hoje ainda pior“.

“Temos muito mais urgências encerradas do que no ano passado, mais mulheres a terem os seus partos em ambulâncias, o que é verdadeiramente preocupante“, criticou o secretário-geral do PS.

O líder socialista sublinhou o que diz ser a “contínua degradação do SNS, que está hoje ainda pior do que estava no ano passado”, e atacou Montenegro, que acusou de não demonstrar “empatia face à realidade que muitos portugueses enfrentam”.

Em declarações aos jornalistas após uma caminhada em Aveiro, Luís Montenegro respondeu a Pedro Nuno Santos, contrariando a ideia de que o SNS esteja pior do que há um ano, e alegando que o governo está a resolver os problemas da Saúde “à medida que o tempo permite que eles sejam resolvidos”.

“Hoje espera-se menos tempo para ter uma consulta, espera-se menos tempo para ter uma cirurgia e também há menos urgências fechadas do que havia há um ano nas mesmas circunstâncias

“Não nos podem exigir que façamos em 11 ou 12 meses aquilo que outros não fizeram em mais de 20 anos. Não foram só os oito anos que nos antecederam. O Partido Socialista governou 22 dos últimos 30 anos“, disse Montenegro.

“Os que hoje nos acusam e exigem fazer num ano o que não foram capazes de fazer em todo esse período, eu até aceito que possam ter muita confiança e expectativa no Governo porque sabem que somos mais rápidos, mais ágeis e mais eficazes a resolver”, notou o primeiro ministro.

Exigem mais de nós do que aquilo que exigiram a si próprios”, acusou Montenegro.

Segundo o primeiro-ministro, o Governo está a conseguir, “com muito trabalho e muito esforço, dar melhores condições para que haja mais médicos no SNS, que haja enfermeiros mais motivados, que haja assistentes também com melhores condições para poderem progredir”.

“Quer isto dizer que está tudo bem? Não quer dizer que está tudo bem. Mas quer dizer que estamos a resolver os problemas à medida que o tempo permite que eles sejam resolvidos”, admitiu o primeiro ministro.

Montenegro disse ainda que espera que os portugueses tenham sentido de justiça e façam “uma apreciação sobre aquilo que cada um foi capaz de fazer” no seu período. “O juízo será feito na campanha eleitoral e no dia das eleições“, concluiu Montenegro.

Sete urgências fechadas

Cinco serviços de urgência hospitalares de ginecologia/obstétricia e dois de pediatria estão encerrados este domingo, a maioria em Lisboa e Vale do Tejo, segundo o Portal do SNS.

De acordo com as Escalas de Urgência do Serviço Nacional de Saúde, estão encerradas hoje as urgências de Ginecologia e Obstetrícia do Hospital Garcia de Orta, em Almada, no distrito de Setúbal, do Hospital Vila Franca de Xira (Lisboa), do Hospital Distrital das Caldas da Rainha (Leiria) e do Hospital Santo André, em Leiria.

Está também encerrada a urgência de Obstetrícia do Hospital Nossa Senhora do Rosário, no Barreiro (Setúbal).

Segundo a informação do Portal do SNS, atualizada pelos hospitais, estão fechadas no fim de semana as urgências de Pediatria do Hospital Vila Franca de Xira e do Hospital Beatriz Ângelo, em Loures, ambos no distrito de Lisboa.

A urgência pediátrica do Hospital Amadora-Sintra (Lisboa) esteve hoje referenciada entre as 00:00 e as 08:00, voltando a estar entre as 20:00 e a meia-noite, altura em que volta a receber apenas casos de urgência internos ou referenciados pelo INEM ou pela linha SNS 24.

As escalas disponibilizadas no portal do SNS, consultadas pela Lusa pelas 08:30 de hoje, indicam ainda que cerca de 130 serviços de urgência estarão abertos em todo o país durante o dia de hoje, a que se juntam mais de 30 que estarão a funcionar, mas no âmbito do projeto-piloto, que implica um contacto prévio dos utentes com a linha SNS 24.

Os constrangimentos devem-se, sobretudo, à falta de médicos especialistas para assegurarem as escalas, uma situação que é mais frequente em períodos de férias, como o verão e final de ano, e fins de semana prolongados.

ZAP // Lusa

2 Comments

  1. O Ventura tem razão, onde raio anda a Ministra da Saude? É só receber o ordenado ao fim do mês e o SNS cada vez pior.
    Olhe que já passaram os 60 dias!

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