Já passaram duas semanas desde que o módulo Philae pousou no cometa 67P/Churyumov-Gerasimenko, mas a ESA ainda não sabe se conseguiu perfurar com sucesso a superfície do astro. Nem sequer ainda se sabe o seu local de aterragem final. Entretanto, a companheira Rosetta continua a sua missão.
As leituras do CONSERT, um instrumento de radar que ligou o Philae com a Rosetta antes do lander ter ficado sem energia, reduziram os potenciais pontos de aterragem até uma faixa de 350 por 30 metros na cabeça do cometa. A determinação da zona de aterragem está dependente do modelo da forma do cometa, razão pela qual existem duas regiões candidatas.
Os cientistas da ESA estão agora à procura do Philae em imagens capturadas pelas câmaras da Rosetta, mas se este se encontra em zonas à sombra é apenas susceptível de aparecer quando a luz for reflectida pelos seus painéis solares.
Quanto à broca do Philae, foi um dos últimos instrumentos a ser activado antes do módulo ter ficado sem energia. Os gestores da missão sabem que a broca funcionou como o esperado, mas tendo em conta que o lander aterrou numa posição inclinada, não sabem se entregou amostras ao instrumento COSAC. Este foi desenhado para estudar moléculas do cometa ao aquecer material num forno e ao medir os gases resultantes.
Os dados do COSAC são inconclusivos. Pode não ter havido uma amostra, ou a amostra pode ter sido muito seca, ou seja, apenas podem ter sido libertadas pequeníssimas quantidades de gás. “Teria gostado de ver um sinal claro de uma amostra,” afirma Fred Goesmann, líder da equipa do COSAC. “A minha opinião pessimista é que nunca saberemos.”
Tal resultado pode permanecer mesmo que a ESA consiga contactar novamente com o Philae, caso este consiga acordar quando mais luz incidir nos seus painéis solares.
Isto acontece porque a broca do módulo não tem nenhuma maneira directa de confirmar se obteve uma amostra e não existe nenhuma câmara no forno que recebe a amostra. Goesmann diz que os cientistas discutiram outros sensores para confirmar uma amostra durante o planeamento da missão, mas que descartaram a ideia por causa dos rigorosos limites de peso do módulo Philae.
Não são esperados mais dados do Philae, a não ser que acorde em 2015.
No entanto, depois de libertar o lander, a Rosetta está agora a dedicar-se exclusivamente à sua missão científica. A ESA colocou a sonda novamente numa órbita mais elevada, 30km acima do cometa, mas vai descer até aos 20km no dia 3 de Dezembro e durante 10 dias para recolher dados sobre o aumento de poeira e gás expelidos pelo cometa à medida que este se aproxima do Sol. O plano é ficar o mais próximo possível do cometa sem colocar a sonda em risco devido à actividade crescente do 67P/C-G.
Viagem da Rosetta
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