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Ómicron já está em 38 países, mas ainda não causou mortes. Risco de reinfeção é três vezes maior do que na Delta

A OMS lembra que o mundo se deve preparar, mas que não há razão para pânico. A maioria dos casos no Reino Unido é entre pessoas que tinham as duas doses da vacina.

A variante Ómicron já chegou a 38 países, segundo os dados da Organização Mundial de Saúde, mas ainda não foi registada nenhuma morte. Ainda assim, ainda há certezas sobre a real gravidade desta nova variante e se é mais transmissível ou resistente às vacinas.

A Austrália e os EUA são os mais recentes países a juntar-se à lista. No Reino Unido há já mais de 100 casos, sendo que a maioria surgiu entre pessoas que já estavam totalmente vacinadas.

Um estudo de cientistas sul-africanos concluiu também que esta nova variante tem uma capacidade de reinfetar pessoas que já tiveram covid-19 ou que se vacinaram três vezes maior à das variantes Delta ou Beta.

O último relatório do Instituto nacional de Saúde Ricardo Jorge sobre as linhas vermelhas da pandemia revelou que há já 34 casos da variante Ómicron em Portugal. Recorde-se que o primeiro surto surgiu na Belenenses SAD e há ainda mais quatro casos sob suspeita.

Portugal pode ultrapassar os 480 casos de infeção do vírus SARS-CoV-2 por 100 mil habitantes a 14 dias em menos de duas semanas e regista uma “tendência fortemente crescente” de internados em cuidados intensivos.

Segundo a análise de risco semanal da pandemia, o número de novas infeções por 100 mil habitantes, acumulado nos últimos 14 dias, foi de 386 casos, com tendência fortemente crescente a nível nacional.

“A manter esta taxa de crescimento, a nível nacional, estima-se que o limiar de 480 casos em 14 dias por 100 mil habitantes possa ser ultrapassado em menos de 15 dias”, adiantam “as linhas vermelhas” da Direção-Geral da Saúde (DGS) e do Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge (INSA).

O grupo etário com incidência cumulativa a 14 dias mais elevada corresponde ao das crianças com menos de 10 anos – 597 casos por 100 mil habitantes -, que não são elegíveis para vacinação contra a covid-19.

De acordo com o documento, o número de doentes de covid-19 internados em Unidades de Cuidados Intensivos (UCI) no continente revelou também uma tendência fortemente crescente, correspondendo agora a 50% do valor crítico definido de 255 camas ocupadas, quando na semana anterior era de 40%.

O grupo etário com maior número de casos de covid-19 internados em UCI é o dos 60 aos 79 anos, registando-se uma tendência crescente a partir das primeiras semanas de outubro, mas, nos últimos dias, a faixa dos 40 aos 59 anos apresenta também tendência crescente.

Segundo esta análise de risco, a pressão nos serviços de saúde e o impacto na mortalidade são moderados, mas com tendência crescente e há a “necessidade de reforçar a vigilância epidemiológica, virológica e do controlo de fronteiras“.

Mundo não deve entrar em pânico, avisa OMS

Numa conferência de imprensa na sexta-feira, a cientista da OMS Soumya Swaminathan lembrou que a situação atual é diferente da registada há um ano. A especialista avisa que o mundo não deve entrar em pânico, mas que se deve preparar para a nova variante.

Swaminathan afirma que a Ómicron é “altamente transmissível“, citando dados da África do Sul, e que pode tornar-se a variante dominante a nível mundial. Atualmente, a Delta é responsável por 99% dos casos globais, sublinha.

“Quão preocupados devemos estar? Devemos estar preparados e cautelosos, mas não entrar em pânico porque estamos numa situação diferente de há um ano”, referiu.

Já o diretor de emergências da Organização Mundial de Saúde, Mike Ryan, lembra que o mundo tem “vacinas altamente eficazes” contra a covid-19 e que o foco deve estar em distribuí-las mais justamente.

Apesar dos anúncios das farmacêuticas que já estão a trabalhar em novas vacinas contra esta variante, ainda não há provas de que isso é preciso, afirma.

ZAP, LUSA //

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