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“Olhem o que aconteceu a Portugal”. Governo francês pode cair e já se fala em FMI

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Mouvement Démocrate du Puy-de-Dôme / Flickr

O primeiro-ministro francês, François Bayrou

O ministro das Finanças francês alertou para o risco de intervenção do Fundo Monetário Internacional, se o Governo liderado por François Bayrou cair.

Esta segunda-feira, o primeiro-ministro francês, François Bayrou, anunciou que vai submeter-se a um voto de confiança a 8 de setembro no parlamento devido à proposta de orçamento de Estado para 2026, que prevê cortes de 44 mil milhões de euros.

Durante uma conferência de imprensa, François Bayrou insistiu que é necessário um esclarecimento sobre a situação orçamental e a forma de a corrigir, e que o lugar para o fazer é “o parlamento” e não “na desordem das ruas”.

Se o primeiro-ministro não passar o voto de confiança no parlamento – um cenário possível, uma vez que os centristas e conservadores que o apoiam não têm maioria absoluta – terá de se demitir e abrir-se-á uma nova crise governamental.

Mas pior: já esta terça-feira, em declarações à rádio France Inter, o ministro das Finanças, Éric Lombard, avisou os franceses que, se o Governo não passar na moção de confiança, França fica em risco de ser intervencionada pelo FMI.

Nesta espécie de alerta/”ameaça” à oposição, o governante sublinhou que esse é um risco que é preciso evitar a todo o custo, dando Portugal como exemplo.

“É um risco que não queremos; não podemos fazer como Espanha ou Portugal. É um risco que o FMI intervenha, se a situação financeira se deteriorar. Queremos e devemos evitar, mas não vou dizer que é um risco que não existe”.

Mas Bayrou arrisca mesmo

Consciente de que não dispõe de uma maioria clara, o chefe do Governo francês justificou esta moção de confiança, que abre a porta à queda do executivo e a uma futura instabilidade política, com o argumento de que seria mais arriscado não fazer nada.

“Se tivermos uma maioria, o Governo é confirmado. Se não tivermos, o Governo cai”, resumiu.

Bayrou, que está no cargo há apenas nove meses, insistiu que “o risco” de uma nova crise política, depois da que se viveu em 2024 com a convocação de eleições antecipadas, “é a condição para que os franceses tomem consciência” da gravidade da situação.

Bayrou prepara cortes drásticos

Bayrou prepara cortes drásticos para o Orçamento de 2026. O primeiro-ministro já avisou que não vai abandonar o plano de ajustamento proposto em julho, que inclui o congelamento de algumas prestações sociais, cortes nos programas sociais e, talvez a medida mais controversa, a abolição de dois feriados.

A moção de confiança irá “consagrar a dimensão do esforço” de quase 44 mil milhões de euros para reduzir o défice público francês e só depois haverá uma “discussão” sobre “cada uma das medidas deste plano de emergência”, explicou.

O partido França Insubmissa (LFI, esquerda radical) e o Partido Comunista Francês (PCF) anunciaram, em separado, que iriam votar para “derrubar o Governo”.

Por seu lado, o partido de extrema-direita União Nacional declarou que não iria votar a favor da confiança, com o seu presidente, Jordan Bardella, a prever “o fim do Governo”.

O objetivo do orçamento de Bayrou é enveredar por uma via de redução do défice público, que fugiu ao controlo nos últimos anos e atingiu 5,8% do produto interno bruto (PIB) em 2024.

Dos 5,4% previstos para 2025, o Governo espera que, com as medidas propostas, o défice desça para 4,6% do PIB em 2026, numa trajetória que permita atingir um défice de 2,8% em 2029, abaixo dos 3% estabelecidos no Pacto de Estabilidade e Crescimento da União Europeia.

ZAP // Lusa

3 Comments

  1. Governo PS está tudo dito! Abriram as fronteiras à imigração descontrolada, os serviços de saúde, educação e serviços sociais, são os mais afetados e a economia não suporta tanto desvario. Em Portugal já tivemos 3 bancarrotas originadas por governos PS e estamos à beira de outra intervenção do FMI, se não estancarmos esta hemorragia da imigração que não trabalha e está a viver á conta dos apoios sociais.

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    • Ás vezes questiono-me se as pessoas que escrevem estas coisas, se dão ao trabalho de perceber as causas de uma crise num país, em vez de papaguearem a propaganda que consomem. Meu caro a crise em França foi entre outros fatores motivada também pela guerra da Ucrânia, nomeadamente Aumentou preços da energia e dos alimentos. Intensificou a inflação e reduziu o poder de compra. Criou insegurança económica e pressão sobre investimentos. Mas existem outros fatores como a rigidez do mercado de trabalho, despesas publicas elevadas, entre outros. A emigração é o menor dos males comparativamente com estes fatores. Quanto à comparação com o PS, meu caro qual era cor política em Portugal quando aboliram os feriados. E as medidas adoptadas são da direita que bem defende, nomeadamente Redução de gastos públicos ou eficiência do Estado, Reformas laborais ou administrativas, Propostas de eliminar ou reduzir feriados (com argumento de aumentar a produtividade).

  2. É o princípio dos problemas europeus…
    Depois vai-se espalhar pela Europa toda como fogo…
    Preparem-se, vêm aí tempos muito difíceis.

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