Depois de, na tarde desta quinta-feira, a Rússia ter anunciado a não-transmissão do Festival Eurovisão da Canção, surge agora a confirmação por parte da União Europeia de Radiodifusão (UER) de que o Channel One não poderá concorrer ao evento.
Em comunicado, é garantido que foram feitos todos os possíveis para manter a participação russa, detalhando as duas propostas feitas: uma atuação via satélite ou a mudança de artista, garantindo que o escolhido fosse alguém com possibilidade de viajar legalmente para a Ucrânia.
“Infelizmente, as duas propostas foram rejeitadas e a emissora garantiu que não tem intenção de transmitir o evento“, acrescentam.
“Isto significa que a Rússia não poderá participar na competição deste ano. Quisemos muito que todos os 43 países pudessem estar habilitados para participar e fizemos o que pudemos para alcançar isso“, explicam os responsáveis da UER.
“A integridade do Festival está abalada“
Os russos consideraram inaceitáveis as duas propostas feitas pela entidade organizadora, sublinhando “a recusa do lado ucraniano” como “absolutamente infundada”. A emissora estatal da Rússia considerou que isto não passa de “uma tentativa de a Ucrânia politizar o concurso, o que contraria a história de 62 anos do concurso, criado para unir o povo“.
Julia Samoylova, finalista na edição russa do X Factor em 2013, revelou estar calma face à decisão. Em entrevista à estação pública russa afirmou “não estar chateada” com a situação.
Frank Dieter Freiling, presidente do Grupo de Referência do Festival Eurovisão da Canção (ESC), junta-se ao coro de críticas e condena “vigorosamente a decisão das autoridades ucranianas, ao impôr uma proibição de viajar à cantora Julia Samoylova”.
Este responsável diz ainda acreditar“que isto abala completamente a integridade e a natureza apolítica do ESC, bem como a sua missão de unir todas as nações numa competição amigável“.
O governo ucraniano tem até agora justificado a recusa da participação de Julia devido a “uma violação de segurança”. De acordo com as autoridades ucranianas, a cantora terá participado em eventos no interior do território ucraniano sem autorização para tal, o que é considerado uma quebra da legislação do país.
Apesar desta situação, os organizadores garantem que “as preparações continuam a bom ritmo na cidade anfitriã de Kiev“, reassumindo como “prioridade principal a produção de um Festival Eurovisão da Canção espetacular” em conjunto com o canal estatal ucraniano UA:PBC em maio.
Ucrânia poderá ser banida
No início do mês, a UER ameaçou banir a participação da Ucrânia em edições futuras do Festival Eurovisão da Canção, caso Kiev não retire a proibição da entrada no país da representante russa no concurso.
A diretora-geral da UER, Ingrid Deltenre, considerou “inaceitável” a interdição colocada a Julia Samoylova.
“Nenhum outro país anfitrião impediu a atuação de um artista no Festival Eurovisão da Canção e a UER não vai abrir um precedente em 2017”, afirmou a responsável, que tornou conhecidas as suas preocupações numa carta enviada ao primeiro-ministro ucraniano, a que o jornal Kiev Vlast teve acesso.