Uma obra no Torreão Poente do Terreiro do Paço, sob ordens de Fernando Medina, deixou um buraco de mais de meio milhão de euros na autarquia.
Uma obra promovida pela Câmara Municipal de Lisboa, iniciada em 2020, foi interrompida apenas um mês depois por uma fiscalização da própria autarquia. Na altura, o presidenta da Câmara era o atual ministro das Finanças, Fernando Medina.
O impasse arrastou-se mais de dois anos e só recentemente, revelou uma reportagem da TVI, é que o município decidiu cancelar o contrato.
Além dos 10% pelo fim do contrato previstos na lei, a empresa decidiu avançar para tribunal, reclamando uma indemnização muito superior pelo tempo em que a empreitada esteve parada. A empresa ganhou o concurso público para fazer a obra por 3,9 milhões de euros.
A fiscalização da obra foi feita por João Appleton, investigador coordenador na área da reabilitação de edifícios do Laboratório Nacional de Engenharia Civil (LNEC). O perito classificou de “absolutamente inadmissível” aquilo que viu no Torreão Poente do Terreiro do Paço, um dos principais símbolos da capital portuguesa.
No relatório feito a pedido do atual executivo municipal, João Appleton relata muitos estragos no monumento que terão de ser reparados. Segundo a TVI, o parecer diz mesmo que o projeto deitou “muito dinheiro para o lixo”.
Filipa Roseta, arquiteta e atual vereadora com a pasta das obra municipais diz que o importante agora é conter os estragos e depois recuperar.
“Ainda me pergunto como é que chegámos aqui, como é possível que o Torreão esteja nesta situação e se tenha feito uma obra tão intrusiva num Monumento Nacional, aprovada pela Direção-Geral do Património Cultural”, lamenta a autarca.
Ao longo dos dois anos e meio que a obra esteve interrompida, o Torreão esteve exposto à chuva, sem qualquer cobertura. João Appleton considera que isto “é completamente incompreensível” e que “toda a gente sabe que o principal inimigo da construção, dos elementos decorativos, das estruturas, de certos materiais, é a água”.
O buraco financeiro desta obra falhada facilmente ultrapassa o meio milhão de euros.
“Tem de falar com o presidente Fernando Medina, pois era ele que estava à frente disto na altura”, diz Filipa Roseta. “Eu só tenho de responder pelo futuro”.
Fosse a obra de iniciativa privada, não faltaria fiscalização, com comportamentos próprios de abutres… como não é… deixa arder! Deixa cair!
Grandes interesses!