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Fartas de serem “objectos sexuais” em Portugal, imigrantes brasileiras protestam no Porto

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Imigrantes brasileiras em protesto

Coletiva Maria Felipa / Facebook

Imigrantes brasileiras que residem em Portugal queixam-se de serem tratadas como objectos sexuais, lamentando que este estereótipo dificulta o acesso a habitação e a outros serviços. Fartas disso protestam, neste sábado, no Porto.

A manifestação que vai arrancar às 15 horas na Fonte dos Aliados, no Porto, surge depois do alegado ataque de violência sexual contra uma imigrante brasileira que estava a chegar a Portugal, como turista, por parte de um agente do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF).

Mas “não acontece só no SEF, nem só com quem está a chegar a Portugal pela primeira vez. É uma violência quotidiana, muito comum, muito presente nas mulheres brasileiras em Portugal”, refere Aline Rossi, coordenadora política da Colectiva Maria Felipa que está a promover a acção de protesto.

Há “um histórico”, “uma construção histórica em cima e é uma situação muito complexa, pode implicar violência sexual, assédio, dificuldade de acesso a serviços, nas ruas, no trabalho, na entrada no país”, nota Aline Rossi em declarações à agência Lusa.

“Tem a ver com mães de Bragança e passado colonial”

A activista explica que o protesto deste sábado é “contra a violação de uma mulher brasileira quando tentava entrar no país, mas também o reflexo de violências que acontecem diariamente com mulheres brasileiras em Portugal”.

O protesto “é um basta a estas violências” e “a um olhar que está muito enraizado na cultura, também por causa do passado colonial, de ver a mulher brasileira como um objecto sexual, um corpo público e uma mulher fácil. O estereotipo da mulher puta é uma coisa muito viva ainda hoje na cultura portuguesa”, acrescenta Aline Rossi.

“Quando uma mulher brasileira sofre este tipo de violência [como o alegado ataque no SEF], não é só quem ela é naquele momento, é de onde ela vem, o facto de ser brasileira e o que o imaginário português sobre uma mulher brasileira diz, que normalmente relaciona a imagem da mulher brasileira à puta. Tem a ver com o caso das mães de Bragança, tem a ver com o passado colonial de exploração sexual e posse do corpo da mulher”, considera ainda a activista.

“Muitos nos fecham as portas”

O aumento da emigração brasileira para Portugal, sobretudo nos últimos quatro anos, foi acompanhado de um aumento do “discurso xenófobo, que não é só contra brasileiros, que é reflexo de um acirramento político, de uma ascensão da extrema-direita na Europa e também em Portugal, com maior visibilidade do partido Chega, e outros muito próximos de grupos neo-fascistas, como o Mário Machado”, analisa também Aline Rossi.

A activista defende que se trata de “uma repaginação de uma cultura e de um pensamento que já estava lá há muito mais tempo e que simplesmente se manifesta nessas situações, porque nunca foi efectivamente de lá erradicado“.

Aline Rossi lamenta que estas ideias se reflictam em dificuldades diárias em Portugal, sendo a mais flagrante a que estas mulheres registam para alugar uma casa. “Todas nós temos um caso para contar, muitos nos fecham as portas“, refere, indicando que pensam que, por serem brasileiras, vão receber “clientes” nessa casa.

Em relação ao trabalho, a activista explica que o assédio muitas vezes não é denunciado, pois as trabalhadoras ainda não estão regularizadas. Portanto, considera que os casos são ainda pouco conhecidos.

ZAP // Lusa

22 Comments

  1. Não é a mentalidade dos portugueses que é suja. Talvez agora não seja assim, mas os dados históricos são de que a brasileira vinha para se prostituir. Aqui e nos prostíbulos de Espanha da fronteira, onde vi muitas brasileiras. Ninguém pode negar o passado. Mas como disse, talvez nos dias de hoje tenha mudado.

    • Haha. Não tem como. A maioria do povo brasileiro é muito mais portugues que índio ou outros povos . Ao hostilizar está a ofender o próprio pai ou mãe. E sim, existe menos prostituição brasileira em Portugal mas a sua maioria era Brasil ou país de leste.

  2. Típica conversa manipuladora de quem prefere a postura de vitimização em vez de ver objectivamente a realidade. O facto incontornável é que, e cada vez mais, as prostitutas são brasileiras. Basta dar uma vista de olhos aos inúmeros anúncios públicos de serviços sexuais para constatar que, com poucas excepções, são todas brasileiras. Protestem então com as vossas compatriotas de vida fácil, mas porventura são mais as que seriam objecto desse protesto do que as que querem protestar…

  3. Realmente não devíamos deixar entrar em Portugal tantos imigrantes. Não só pra garantir a qualidade de vida dos imigrantes que aqui estão mas também para garantir que não à rotura nos sistemas públicos que fiscalizam e oferecem proteção, sejam eles saúde ou justiça. Vir com discurso de odeo colonial é digno de alguém que não evoluio. Qualquer imigrante seja um português no estrangeiro seja um estrangeiro em Portugal vai sempre experiênciar atitudes menos positivas de algumas pessoas… Não quer dizer com isto, que atitudes menos felizes de uns, seja a crença de uma sociedade inteira. Tenho pena que efetivamente apenas falem de brasileiros porque aqui em Portugal não se deve valorizar mais uns que outros! Ou seja devem ser defendidos todos o cidadão imigrante seja ele do Bangladesh, Índia, Timor ou Sri Lanka…… Já agora Portugal é um dos países mais pobres da Europa não é exemplo para coisa alguma e notícias deste gênero só vão acentuar o ódio por imigração… Jornalistas a perpétuar ódio

  4. É tudo muito bonito, mas sendo eu Portuguesa, no meu próprio país duas mulheres da minha familia já foram alvo de maus tratos e discriminação por parte de imigrantes brasileiras, que quando trabalham em grupo com compatiotas, conseguem ser o diabo em pessoa. Mas isso ninguém comenta. Mas, se estão assim tão e se sentem maltratadas, nada como regressarem ao país de origem.

    • Verdade, concordo plenamente e ainda querem chamar a atenção para tratamento especial, com uma mini manifestação ridícula.
      A pseudo activista que incentivou a manifestação, certamente é mais útil como activista no Brasil, onde a falta de direitos é ridiculamente pior e não vejo nenhum imigrante no Brasil a fazer manifestações!
      Todas as mulheres passam por dificuldades, até às portuguesas. Além disso as brasileiras não são especiais.
      As mulheres de outras nacionalidades não têm tempo nem “frescura” para manifestações, pois estão a trabalhar.
      É melhor as brasileiras pedirem direitos a Bolsonaro ou Lula, do que fazerem exigências num país estrangeiro. Há coisas bem mais graves e complexas no mundo nos dias que correm. Tenham vergonha e vão trabalhar, pois se vêm para Portugal para manifestações, vão passar fome!

  5. Princípios da Equidade e da Proporcionalidade:
    1-Qual a relação da área geográfica territorial do Brasil por comparação com a de Portugal? Alguém sabe quantos “Portugais” caberiam lá dentro ( mesmo excluindo-se a Amazónia)?!
    2- Qual a relação demográfica total do Brasil com a de Portugal?
    A esta respondo eu: – tendo o Brasil mais de 215 milhões de habitantes e Portugal algo mais que 10 milhões de criaturas, a relação é de cerca de 20 para 1. Ou seja, por cada vinte cidadãos de que o Brasil dispõe para “invadir” Portugal, Portugal só dispõe de um para o “contra-ataque”.
    Portanto, quando aceitamos que Portugal mantenha as portas abertas a todos os brasileiros que queiram vir para cá, apenas com base no princípio da reciprocidade, e obviamente sem a tranca do da proporcionalidade, mais uma vez os nossos iluminados e orelhudos governantes nos estão a empurrar para o abismo total, completamente sujeitos ao empurrão da estrangeirada ( no caso a pretexto de uma irmandade que lhes é difícil de demonstrar, digo eu! );
    3- Quanto ao princípio da equidade, aquilo de que todos nos vamos dando conta é que cada vez mais estão a vir de lá até famílias inteiras, inclusive com filhos em idade escolar. E que dizem que é porque cá se sentem seguros, com facilidades de ingresso no mercado de trabalho e nas actividades financeiras e empresariais,. Bem como muito apoiadas na inserção dos filhos no sistema de ensino ( e sabemos que tantas vezes à custa da penalização e até exclusão de cidadãos nacionais, cá dentro!).
    Contudo todos os que conhecemos portugueses que nas últimas duas décadas tentaram ir dar umas espreitadelas ao Brasil, à procura de melhorarem a sua situação económica e familiar, sabemos que desde assaltos de arma apontada à cabeça, até tiros nos pés só por terem dito que não tinham consigo mais dinheiro do que o contido na carteira, a burlas, a burocracias e estorvos administrativos feitos à medida para os tugas, às exigências de luvas e chantagens, ao desamparo total das polícias e do sistema judicial, etc., etc., tudo tem sido um rol de contrariedades sem fim que tem levado a maior parte a desistirem e voltarem à tugalândia com uma mão à frente e outra atrás. Quando não deixam lá a própria vida.
    Ora, perante esta realidade, o que é que poderá acontecer-nos se não forem revistas as condições de entrada aos brasileiros? Se ao menos não se adoptar urgentemente a regra de ser aceite a entrada de um brasileiro por cada vinte portugueses acolhidos pelo Brasil?
    – Por quanto tempo mais é que acham que nos deixarão viver sem a etiqueta de colonizados?
    Têm dúvidas?!…
    Pois então prestem bem atenção a certos sinais que já se vão manifestando por aí.
    Eu, pessoalmente, só nas duas últimas semanas, e numa operadora de telecomunicações, que se julga nacional, dadas as suas origens, já levei dose da grande. Só por ter tido o azar de me sair na rifa do primeiro atendimento uma dessas criaturas. E pelas cumplicidades, solidariedades e protecionismo que eles têm entre si.
    Sendo que aquilo que era para ser tratado serenamente em dez minutos, já ganhou tamanhos contornos, arrelias, desperdícios de tempo, deslocações, danos em equipamento e na configuração de serviços, efeitos e danos colaterais, despesas extras, etc. etc. que nem dá para enumerar aqui. E o que é certo é que sendo na ocasião que seja, no canal de contacto que seja, aonde tente eliminar este caminho do calvário, sempre há-de aparecer um sinal de presença brasileira a meter-me pedregulhos no caminho.
    Mas sei de mais casos de nos fazerem suspender a respiração, noutros sectores. Infelizmente começam a dar sinais de metástases a mais!…

  6. Bem podem optar por serem “Objetos Sexuais” no Pais de origem ! o que as impede ? ….. Digo isto em relação ao titulo do artigo que especifica (Em Portugal) . O assedio Sexual é Crime e passível de condenação , seja a vitima de Nacionalidade Brasileira ou outra !

  7. Na minha modesta opinião, esta mini manifestação é ridícula pelos seguintes motivos:  1 – Os senhorios são livres de arrendar casas a quem quiserem num país livre e democrático. É conhecido por muitos, que em Portugal já houve casas arrendadas a cidadãos brasileiros(as) e que: destruíram/causaram danos nos imóveis, saíram sem pagar as últimas mensalidades, fizeram subarrendamento ilegal a conterrâneos ou faziam dos apartamentos recepção para prazer nocturno. Portanto, se agora há brasileiras inocentes a pagar pelo sucedido, tenham vergonha na cara e não exijam petulantemente na terra dos outros! Reclamem com os vossos conterrâneos anteriores, brasileiros(as) que cá estiveram antes a fazer porcaria e deram uma péssima imagem de vós.  2 – A ideia que se tem da mulher como objecto sexual, não é só um problema das brasileiras e muito menos um problema só de Portugal. Mas volto ao argumento do ponto um: durante muitos anos chegavam a Portugal e outros países da Europa só para a prostituição e agora querem o quê?! Reclamem com as vossas conterrâneas brasileiras que passam má imagem de vós! Fui emigrante na Suíça e na prostituição só se viam brasileiras, tailandesas e de países africanos…  Sendo um problema transversal no mundo, que tal fazerem manifestações para começar, no Brasil, vosso país?! Aí sim, poderão exigir mais um pouco! Falem com o Lula ou o Bolsonaro… Agora, virem a achar que são especiais aqui, não! Vocês não vêem as portuguesas em manifestações ridículas dessas. Não têm tempo, estão a trabalhar sabem? Nem vêm portugueses a exigir o que quer que seja na terra dos outros quando emigram. Não há portugueses(as) à manifestarem-se no Brasil e o nível de falta de direitos e segurança por lá é ridiculamente mais grave que na Europa!  3 – Se vêm para trabalhar tranquilamente ok. Agora, mentalizem-se que aqui não são especiais, nem mais que as portuguesas, angolanas, cabo-verdianas, ucranianas, etc… Se não estão satisfeitas e se querem mais direitos que teriam no Brasil, têm bom remédio, imigrem para outro país qualquer ou voltem ao Brasil e não percam tempo a tentar chamar  atenção com manifestações idiotas, comparando com coisas e situações graves de guerra e fome pelo mundo. Tenham alguma vergonha na cara, humildade e dignidade para não exigirem o que não têm nem no vosso país. Reclamem com os vossos brasileiros que fizeram aqui porcaria ao invés de quererem direitos dos portugueses que não têm nenhuma obrigação de vos dar! Sou portuguesa e as minhas 2 filhas têm dupla nacionalidade porque o meu marido também a tem; nasceu no Brasil e está emigrado em Portugal faz 22 anos (mais portuga que brasuca) e todos nós tivemos vergonha dessa vossa manifestação petulante e orgulhosa, de achar que têm direitos a mais que os outros… Ridículo!

  8. Bravo, bravo, bravooo!!!
    A Ana Cristina engatilhou, apontou, disparou, uma. duas, três, quatro (….), mais tantas vezes, até se lhe cansar o dedo.
    E não é que, umas atrás das outras, sempre a enfiá-las certinhas na mouche do alvo?! Caramba, quem é que poderia tê-lo feito melhor, eh?!…
    Conclusão: se a proporcionalidade merece consideração, o mérito pessoal e a dignidade de quem demanda acolhimento na tugalândia, são valores inestimáveis que não podemos deixar de exigir-lhes.
    Bem haja, Ana Cristina.

  9. Tenham vergonha e vão trabalhar, pois se vêm para Portugal para manifestações, vão passar fome!
    … Além do mais, a situação descrita no SEF há mais de 4 anos atrás e cuja acusação única pela cidadã brasileira (que foi extraditada) só foi conhecida agora, ainda nem foi provada na investigação! Dá que pensar, não?

  10. Táauuu!!!…
    Eis mais um disparo de mestria da Ana Cristina.
    Puxem-me para cá o alvo que quero ver, ao milímetro, o ponto de impacto na mouche.
    Sim, ao milímetro, na mouche do alvo!… Que, com esta atiradora, os outros círculos do alvo já nem sequer merecem o gasto de um cagagésimo de segundo a analisá-los.

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