O terror voltou a Moçambique – mas pouco se fala disso

1

As incursões de rebeldes islâmicos que assolam a província de Cabo Delgado, em Moçambique, desde 2017, já fizeram mais de um milhão de deslocados e cerca de 4.000 mortes. As crianças são as mais afetadas.

Ou porque é já um hábito, ou porque não é um conflito “próximo” do ocidente, mas pouco se fala do regresso do terror a Moçambique.

Após um período de vários meses de relativa acalmia, os ataques terroristas à população cristã da província de Cabo Delgado, no norte de Moçambique, voltaram.

No último mês quase 100 mil pessoas tiveram de fugir – na maioria crianças (62%).

A nova vaga de ataques terroristas em Cabo Delgado provocou 99.313 deslocados em menos de um mês, segundo estimativas divulgadas esta terça-feira pela Organização Internacional das Migrações (OIM).

Em causa, de acordo com um boletim semanal daquela agência intergovernamental a que a Lusa teve acesso, está a deslocação de pessoas provocada pelos ataques ocorridos entre 8 de fevereiro e 3 de março, sobretudo nos distritos de Chiùre e Macomia, respetivamente com 91.239 e 5.719 deslocados naquele período, das quais 61.492 são crianças.

A situação levou ao encerramento temporário de 157 escolas.

Os registos da OIM apontam ainda para 20.668 famílias deslocadas, por barco, autocarro ou a pé, em menos de um mês, no sul da província de Cabo Delgado.

No mesmo boletim, a OIM refere que entre 22 de dezembro de 2023 e 3 de março de 2024, “ataques esporádicos e medo de ataques de grupos armados” em Macomia, Chiure, Mecufi, Mocímboa da Praia e Muidumbe já levaram à fuga de 24.241 famílias, num total de 112.894 pessoas.

Estado Islâmico reivindicou ataques

Esta nova vaga de ataques em direção ao sul de Cabo Delgado, que tem vindo a crescer desde dezembro, após um período de vários meses de relativa acalmia.

O grupo terrorista Estado Islâmico (EI) reivindicou no final de fevereiro a autoria de 27 ataques no mesmo mês, em vilas “cristãs” no distrito de Chiùre, Cabo Delgado, em que afirma que morreram 70 pessoas.

Através dos canais de propaganda do grupo, que documenta estes ataques com fotografias, é referida ainda a destruição de 500 igrejas, casas, e edifícios públicos naquele distrito do sul da província de Cabo Delgado, conforme declarações a que a Lusa teve acesso.

A polícia moçambicana disse há uma semana, à Lusa, que está a “filtrar” o movimento de deslocados provocado pela nova vaga de ataques terroristas em fevereiro, à procura de eventuais terroristas infiltrados nesses grupos.

Há mais de seis anos que Cabo Delgado enfrenta uma insurgência armada com alguns ataques reclamados pelo grupo extremista Estado Islâmico, que levou a uma resposta militar desde julho de 2021, com apoio do Ruanda e da Comunidade para o Desenvolvimento da África Austral (SADC).

O conflito já fez um milhão de deslocados, de acordo com dados das agências das Nações Unidas, e cerca de 4.000 mortes.

ZAP //

Siga o ZAP no Whatsapp

1 Comment

  1. No tempo do Colonialismo, os militares/guerrilheiros Moçambicanos, conseguiram combater os Colonialistas Portuguses e acabaram por vencer……por que será qua agora não conseguem correr com esses FDP do EI???? Certamente tem muitos elementos infiltrados …..e por que os Paises vizinhos não ajudam como antigamente faziam??? Enfim, deve haver ali dedo do Putin….e esses FDP dos EI porque não vão lá para o médio Oriente chatear os outros Islamicos/muçulmanos/árabes do Irão, Iraque, Paquistão ou lá que raio se chamam eles?????

Deixe o seu comentário

Your email address will not be published.