A partir desta sexta-feira, a cidade de Lisboa recebe The Tall Ships Races, a regata dos maiores veleiros do mundo que está de regresso à capital portuguesa.
The Tall Ships Races é uma competição de vela que se realiza anualmente para dar oportunidades de formação a jovens de todo o mundo. A primeira regata, que este ano celebra 60 anos, foi realizada entre Torbay (Reino Unido) e Lisboa em 1956.
O terminal de Cruzeiros de Lisboa, em Santa Apolónia, junto ao centro histórico e cultural da cidade, será a casa de mais de 50 grandes veleiros de todo o mundo – nove dos quais são portugueses -, bem como da sua tripulação que contabiliza mais de 3.500 pessoas.
A competição, que passa por quatro portos (1.955 milhas náuticas), começou em Antuérpia (Bélgica), de 7 a 10 de julho. Segue-se agora Lisboa, depois Cádiz (Espanha), de 28 a 31 de julho, e Corunha (Espanha), de 11 a 14 de agosto.
Até segunda-feira, cerca de um milhão de visitantes deverão passar pelo “maior festival náutico gratuito da Europa” e subir a bordo de alguns dos maiores veleiros do mundo, oriundos de 15 países, incluindo Alemanha, Polónia, Bélgica, França, Dinamarca.
Marinheiros nos maiores veleiros do mundo
Um grupo de 35 jovens, entre os 14 e 23 anos, estão há nove dias a viajar a bordo da caravela portuguesa Creoula, na regata dos maiores veleiros do mundo, numa experiência inédita como verdadeiros marinheiros.
Rapazes e raparigas, uns mais novos e estreantes, outros mais velhos e repetentes, todos se conheceram a bordo do Creoula, um dos navios que está a participar na regata dos maiores veleiros do mundo.
Joana Ribeiro tem 23 anos, é estudante de medicina e desde que se estreou a bordo de um grande veleiro, em 2012, quis sempre repetir a experiência.
“Gosto muito do mar e o ambiente a bordo ajuda a criar um bichinho e já não queremos sair daqui”, contou à agência Lusa.
Prestes a entrar para o sexto ano de Medicina, Joana vê que a experiência a bordo pode ser também uma mais-valia curricular, através do contacto com o médico e enfermeiro sobre medicina naval.
Sem distinções de idade, Joana não se preocupa por ser a mais velha e ter no seu grupo jovens de 14 anos.
“A parte gira destas navegações é que apesar das diferentes faixas etárias, há um ambiente de amizade e entreajuda que talvez não se verificam em atividades em terra. Queremos pôr o navio a navegar quer se tenha 15 anos ou 50“, sublinhou.
Já Rodrigo Soares, de 16 anos, é a primeira vez que está em alto mar e apesar de estar encantado com as tarefas marinhas, o melhor de tudo está a ser o convívio.
“Vão ser amigos para a vida. Não os conhecia de lado nenhum, mas começámos a juntar-nos e a saber uns dos outros e a formar grandes amizades”, disse.
Naquela que está a ser uma “experiência única”, Rodrigo revelou estar a pensar que a Marinha poderá ser uma possibilidade profissional para o futuro.
“Embarcam numa realidade diferente”
Sem telemóveis, nem contactos com as redes sociais, é cara a cara que o grupo se vai conhecendo e comunicando.
“Já não sabia o que era conhecer alguém sem ser através da internet, nem estar uma semana sem ir ao Facebook. É bom estarmos aqui só uns com os outros a conversar”, disse Biatriz.
O convívio é importante, mas o grupo tem também de cumprir as suas tarefas, como ir ao leme, estar de vigia, fazer as limpezas e preparar as refeições.
A pele dourada do sol e o cabelo seco do sal dão conta de que já estão em alto mar há alguns dias e o conhecimento dos termos técnicos mostram também que já não são mais inexperientes.
“Quando eles chegam, das primeiras coisas que eu digo é para chatearam bastante os oficiais, perguntarem tudo o que quiserem que estamos abertos a qualquer pergunta. Eles embarcam numa realidade diferente, num mundo novo e é normal haver dúvidas. Eles quando cá chegam inserem-se nas rotinas e ao fim de algum tempo já são verdadeiros marinheiros”, contou o comandante do Creoula, Carvalho de Oliveira.
O Creoula é um dos navios portugueses que está a participar na The Tall Ships Races, uma regata que junta os 50 maiores veleiros do mundo, nove dos quais são portugueses, e 500 tripulantes, jovens distribuídos por diversas embarcações.
ZAP / Bom Dia / Lusa