O Reino Unido estava a espiar a China, mas foi travado (diz a China)

Mike Stenhouse / Wikimedia

Estação de comboios em Pequim, China

 

Sentindo uma “forte inclinação por dinheiro”, agentes do MI6 abordaram cidadão chinês e ofereceram-lhe uma suposta oportunidade de consultoria.

O Ministério da Segurança do Estado da China disse ter detido dois chineses por alegadamente fazerem parte de um plano de espionagem lançado pelos serviços secretos do Reino Unido MI6.

O Ministério indicou que foi detido um funcionário de uma agência governamental chinesa, de apelido Wang, e a mulher de apelido Zhou, de acordo com um comunicado oficial, publicado na rede social WeChat.

As autoridades chinesas acusaram o MI6 de ter intervindo para garantir que, em 2015, a candidatura de Wang num programa de intercâmbio entre a China e o Reino Unido fosse aprovada, permitindo ao funcionário estudar no exterior.

Depois de ter chegado ao Reino Unido, o MI6 terá organizado diversas atividades para Wang, incluindo convites para jantares e visitas turísticas, “com o objetivo de identificar pontos fracos e preferências”, alegou o Ministério.

Sentindo uma “forte inclinação por dinheiro”, agentes do MI6, fazendo-se passar por antigos alunos da universidade em que Wang estudava, abordaram o cidadão chinês e ofereceram-lhe uma suposta oportunidade de consultoria, referiu o comunicado.

O MI6 terá oferecido uma remuneração significativamente mais elevada do que o habitual para encorajar Wang a participar em projetos públicos de investigação, como pretexto para o envolver gradualmente em assuntos ligados à agência governamental chinesa em que tinha trabalhado, disse o Ministério.

No comunicado, o MI6 é acusado de fornecer “formação especializada” em espionagem a Wang, que foi pressionado a regressar à China e recolher informações confidenciais, assim como a recrutar a mulher.

O Ministério disse que Wang e Zhou foram detidos após uma investigação que desmantelou uma “grande operação de espionagem do MI6 dentro do sistema interno chinês”, embora outras investigações relacionadas com este caso prossigam.

O inverso, suspeito morto

Este anúncio surgiu dez dias depois da justiça britânica ter acusado o diretor do escritório comercial de Hong Kong em Londres, Chung Biu Yuen, e um outro homem, Peter Wai Chi Leung, de terem ajudado as autoridades da região administrativa especial chinesa a recolher informações no Reino Unido.

Um terceiro suspeito, o britânico Matthew Trickett, também foi acusado no caso, mas foi encontrado morto a 19 de maio, num parque, em circunstâncias que a polícia não soube explicar.

No ano passado, a China reviu a lei de combate à espionagem, para incluir a “colaboração com organizações de espionagem e agentes” na categoria de espionagem.

Além das investigações lançadas nos últimos meses sobre empresas de consultoria e empresas estrangeiras na China, que suscitaram preocupações entre a indústria e potenciais investidores estrangeiros, o Ministério reviu igualmente outra legislação para salvaguardar os segredos de Estado.

O organismo também reforçou os alertas nas redes sociais chinesas para a ameaça representada pelos “espiões estrangeiros”, pedindo ao público que partilhe informações sobre “atividades suspeitas”.

// Lusa

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