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O quadro mais caro de sempre não é de da Vinci. É do seu assistente

Justin Lane / EPA

“Salvator Mundi”, atribuído a Leonardo da Vinci, foi vendido no leilão Christie’s em novembro de 2017.

O famoso Salvator Mundi é atribuído a Leonardo da Vinci, mas um historiador avança com uma teoria segunda a qual será, na realidade, obra de um dos seus assistentes.

Segundo o All Thats Interesting, meses depois de ter sido vendida, a obra de arte mais cara de sempre está a ser posta em causa.

O quadro de 450 milhões de dólares, intitulado Salvator Mundi, é considerado obra de Leonardo da Vinci, mas Matthew Landrus, investigador da Universidade de Oxford e estudioso de da Vinci, afirma que o famoso pintor apenas contribuiu com cerca de 20% do trabalho para o quadro.

“É uma pintura de Leonardo com a ajuda de assistentes de oficina“, disse Landrus, ao The Guardian. “Se olharmos para as várias versões dos trabalhos dos alunos de Leonardo, podemos ver que Luini pinta exatamente como aquele trabalho que se vê no Salvator Mundi”.

O retrato, que foi vendido em novembro de 2017 pela Christie’s New York, retrata Jesus a gesticular uma bênção com a mão direita e a segurar um globo de cristal com a outra.

Landrus disse que é nos planeamentos e nas partes do manto e do cinto de Jesus que o trabalho de Luini pode ser mais facilmente detetado.

No entanto, Landrus fez questão de salientar que o trabalho não foi todo de Luini. Acredita que da Vinci terminou a pintura, observando que as mãos, o rosto, a bola de cristal e a textura da pintura são sinais clássicos do trabalho de Da Vinci. Afirmou também que as colaborações entre o artista e os assistentes do atelier eram muito comuns durante esse período.

Leonardo trabalhou na pintura (e) penso que é importante reconhecê-lo”, disse Landrus. “Temos tendência para pensar a preto e branco — um ou outro, quando se trata de atribuição, mas essa não é definitivamente a tradição. A tradição era pedir ajuda ao estúdio“.

Esta não é a primeira vez que o quadro é associado a Luini. Em 1990, o quadro ressurgiu após 200 anos quando foi adquirido por Sir Charles Robinson para a coleção Cook e foi rotulado como uma obra de Luini. No entanto, uma grande equipa de peritos examinou o quadro e concluiu que se tratava, de facto, de uma obra de Da Vinci.

Há vários especialistas que concordam com as afirmações de Landrus e questionam a atribuição da pintura a Da Vinci, mas há ainda muitos outros que acreditam firmemente que é obra de Da Vinci.

Martin Kemp, o curador de Pinturas Italianas da National Gallery de Londres, afirmou que o livro que está a publicar “apresentará um conjunto conclusivo de provas de que o Salvator Mundi é uma obra-prima de Leonardo. Entretanto, não vou abordar afirmações mal fundamentadas que não atrairiam qualquer atenção se não fosse o preço de venda”.

O debate sobre a atribuição do quadro dura há mais de um século e parece que não vai acabar tão cedo.

Teresa Oliveira Campos, ZAP //

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