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O Papa tem uma mensagem para os executivos de IA

MAZUR Catholic Church (England and Wales)

O Papa Leão XIV quer que a IA seja regulamentada eticamente — numa altura em que os EUA estão a preparar-se para proibir qualquer regulamentação a nível estadual durante uma década.

Na Segunda Conferência Anual de Roma sobre Inteligência Artificial, realizada na sexta-feira, o Papa Leão XIV falou sobre o rumo atual da IA.

O evento contou com a presença de funcionários do Vaticano, académicos norte-americanos e executivos das principais empresas na área da Inteligência Artificial, entre as quais a Google, OpenAI, Anthropic e Meta.

Segundo o Quartz, o novo papa apelou a uma reflexão séria sobre “a dimensão inerentemente ética da IA, bem como a sua governação responsável.”

O Papa Leão reconheceu o “potencial extraordinário” da IA, mas disse que havia “questões preocupantes sobre as suas possíveis repercussões na abertura da humanidade à verdade e beleza, na nossa capacidade distintiva de compreender e processar a realidade.”

A administração de Donald Trump está a promover legislação, incorporada no já famoso “projeto de lei grande e bonito” que o Senado espera aprovar antes do recesso de verão, que proibiria os estados de regulamentar a IA durante uma década.

A medida tem recebido oposição quer de Democratas quer de Republicanos, incluindo de apoiantes ferrenhos de Trump como Marjorie Taylor-Greene. Mesmo o CEO da Anthropic, Dario Amodei, considera que o projeto de lei é “um instrumento demasiado rude”.

Num artigo de opinião no The New York Times, Amodei diz acreditar que “estes sistemas podem mudar o mundo, fundamentalmente, em dois anos; em 10 anos, tudo é possível”.

Sem um plano claro de resposta federal, uma moratória dar-nos-ia o pior dos dois mundos — nenhuma capacidade para os estados agirem, e nenhuma política nacional como salvaguarda.”

O Papa Leão considera que os benefícios e riscos da IA devem ser avaliados usando um “critério ético superior”.

A Inteligência Artificial “desafia todos nós a refletir mais profundamente sobre a verdadeira natureza e singularidade da nossa dignidade humana partilhada”, diz Leão XIV, que acrescenta que “o acesso aos dados — por mais extenso que seja — não deve ser confundido com inteligência.”

O Vaticano tem monitorizado o desenvolvimento da IA desde pelo menos 2020, tendo emitido um “Apelo pela Ética da IA” com o objetivo de “criar um futuro no qual a inovação digital e o progresso tecnológico concedam à humanidade a sua centralidade.”

Em 2023, o Papa Francisco alertou sobre uma “ditadura tecnológica” a menos que a IA fosse sujeita a um tratado internacional vinculativo, e estava particularmente preocupado com o seu uso militar.

Após ter sido nomeado Papa, Robert Prevost escolheu o nome Papa Leão XIV — escolha que, embora o antigo cardeal de Chicago não tenha explicado, é vista na Igreja como uma homenagem ao Papa Leão XIII, “O Papa dos Trabalhadores” e ao seu legado na luta pela justiça social e apoio à classe trabalhadora.

Em maio, no seu primeiro discurso público depois de se tornar papa, Leão XIV afirmou que, devido ao progresso da Inteligência Artificial, a sociedade estava a enfrentar uma nova revolução industrial, com “novos desafios para a defesa da dignidade humana, justiça e trabalho“.

ZAP //

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