O misterioso sinal das “primeiras estrelas” do Universo pode nem sequer ter vindo do Espaço

M. Kornmesser / ESO

Impressão de artista de galáxias no final da era da reionização

O misterioso sinal, identificado pela primeira vez em 2018, pode afinal não ter vindo das primeiras estrelas do Universo. Aliás, podem nem sequer ter origem no Espaço, mas sim num erro técnico.

A equipa, liderada por Saurabh Singh, do Raman Research Institute, na Índia, sugere que, se o sinal teve origem nas estrelas primitivas, talvez não seja necessário desenvolver uma nova astrofísica para o explicar.

Segundo o Science Alert, o perfil das medidas radiométricas do espetro pode não ter origem cósmica. De acordo com a análise realizada pelos especialistas, a distorção espectral no céu, identificada pelo instrumento de banda estreita do EDGES, pode ser um erro sistemático relacionado com o instrumento usado.

Resumindo: os cientistas acreditam que o sinal descoberto era, afinal, um erro produzido pela antena do instrumento, e não um sinal vindo do ponto mais distante do espaço-tempo.

Além disso, a equipa considera que a sensibilidade dos dados obtidos com o radiómetro Shaped Antenna Measurement of the Background Radio Spectrum 3 (SARAS 3) é suficiente para descartar uma possível origem cósmica para o sinal. O artigo científico com os resultados foi publicado na Nature Astronomy.

O amanhecer cósmico, que cobre um período de 50 milhões até cerca de mil milhões de anos após o Big Bang, é um período importante na história do nosso Universo.

Antes das estrelas aparecerem, o nosso Universo estava cheio de uma névoa quente e turva de gás ionizado. A luz era incapaz de viajar livremente através deste nevoeiro, que espalhava eletrões livres.

Quando o Universo arrefeceu, os protões e eletrões começaram a combinar-se em átomos de hidrogénio neutros, que permitiam que a luz viajasse pelo Espaço. Depois, quando as primeiras estrelas e galáxias se formaram, a sua luz ultravioleta ionizou novamente os átomos neutros, reionizando o hidrogénio neutro e permitindo que todo o espetro de radiação eletromagnética fluísse livremente.

Cerca de mil milhões de anos após o Big Bang, o Universo estava completamente reionizado. Os instrumentos atualmente disponíveis não permitem entender totalmente este processo, mas a deteção de luz das primeiras estrelas, sim — e era exatamente isso que o EDGES tentou encontrar.

O misterioso sinal identificado sugeria que o hidrogénio gasoso atravessado pela luz era mais frio do que se pensava. A única explicação para o arrefecimento do gás durante aquela etapa era a matéria escura, mas, como esta seria uma descoberta extraordinária, exigiu investigações mais aprofundadas.

É nesta altura que entra a nova investigação: Singh e a sua equipa descobriram que não havia sinal nenhum para ser analisado, e que a descoberta podia ser simplesmente um erro da antena do EFGES.

ZAP //

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