Já deram azo a teorias alienígenas e mágicas, mas até hoje não se sabe ao certo o que são nem de onde vieram. Serão os crânios de cristal artefactos mesoamericanos ou imitações feitas por um vigarista francês?
A verdade é que as caveiras de cristal existem e estão atualmente no Museu Britânico de Londres, que comprou em 1856 uma mini-cabeça cristalizada alegadamente feita por astecas. Mas essa já lá vai: a peça atualmente em exposição é na verdade uma que o museu comprou a uma entidade chamada Tiffany & Co. em 1897 — uma peça que nem o próprio museu confirma ser pré-colombiana.
“Tentativas de verificar [a sua origem pré-colombiana] com base em tecnologia não foram bem sucedidas”, lê-se na página do museu que detalha a figura, cujas origens “são incertas”.
É um facto que os crânios surgem frequentemente na cultura asteca, quer seja em paredes de templos antigos ou na representação de divindades. No entanto, as caveiras de cristal em questão nunca foram oficialmente encontradas em nenhum local arqueológico ou escavação.
Hoje, haverão cerca de uma dúzia destas caveiras em museus de todo o mundo, algumas já identificadas como falsas após se provar que foram criadas com recurso a tecnologias modernas de produção de joias.
A Ciência tem sempre razão
Em 2008, um doador anónimo enviou um dos crânios — a maior de todas as “cabeças de cristal” que surgiram até hoje — ao Instituto Smithsonian.
O misterioso indivíduo insistiu que havia recebido a escultura do ditador mexicano Porfírio Diaz. Das duas, uma: ou mentiu ou mentiram-lhe.
Através de uma digitalização, antropologistas descobriram que os crânios foram esculpidos com rodas giratórias, afastando a hipótese de ter sido feita por tecnologia asteca.
A juntar-se à equação do que começava a parecer uma farsa, um acabamento de abrasivo sintético de carbeto de silício — só descoberto em 1905 por um cientista sueco — foi encontrado no crânio do Smithsonian.
Uma análise mais profunda permitiu concluir que o ambiente em que foram produzidos os artefactos é “mesotérmico metamórfico”, que se encontra em países como Brasil ou Madagáscar — dois países que nunca se cruzaram com a população asteca.
Era tudo bobice de Boban
Registos comprovam que a Tiffany & Co. comprou a caveira a Eugène Boban, comerciante francês que apresentou caveiras semelhantes como sendo descobertas suas enquanto alegado arqueólogo oficial da corte mexicana, segundo o IFL Science.
Não sendo um arqueólogo de profissão, a vigarice remete muito provavelmente ao comerciante de arte, que apareceu do nada com crânios de cristal numa altura em que artefactos asteca ganhavam popularidade.
Uma coisa é certa — verdade ou vigarice, a peça está, até hoje, orgulhosamente exposta no Museu Britânico, em Londres, depois de ser rejeitada pelo Museu Nacional do México em 1885, que acusou o francês de ser um impostor.
“Bobice”??
Que raio é isso??
Bobo, bobinho, bobice…. “Entendice?”