O lugar mais seco da Terra não é um deserto (pelo contrário)

Bloqueada por montanhas, esta região parece Marte: não vê um pingo de chuva há dois milhões de anos e os ventos catabáticos roubam-lhe toda a humidade. A sua localização é surpreendente.

Quando pensa no “lugar mais seco do mundo”, talvez lhe venha à ideia a imagem de uma bola de feno em pleno western, num deserto silencioso. Se assim foi, podia estar mais errado.

O deserto de Atacama, no Chile é, na verdade, um dos fortes candidatos à “secura” mais grave, segundo o IFL Science. A árida região não vê uma queda de chuva significante há mais de 400 anos e, de acordo com a NASA, conta com apenas um a três milímetros de precipitação por ano.

Mas o lugar mais seco do mundo só podia estar… no continente mais seco, cuja identidade pode revelar-se uma surpresa para muitos.

É na Antártida, onde o ar é mais frio e conduz menos humidade do que o ar quente, que fica o recordista secante. Apesar de contar com extensos metros de neve nas suas regiões costeiras, o interior do continente é escasso em fontes de humidade, especialmente nos lugares que fazem, sem dúvida, jus ao nome — os Vales Secos.

Bloqueada por montanhas, esta região parece Marte: (surpreendentemente) com quase nenhum gelo e neve, os quase cinco mil quilómetros quadrados que compõe os Vales Secos não veem um pingo de chuva há dois milhões de anos e os ventos catabáticos — que transportam ar de alta densidade a velocidades estrondosas que atingem os 320 quilómetros por hora —roubam-lhe toda a humidade.

Além do seu clima extremo, os Vales Secos são conhecidos pela sua vida microbiana única e adaptada às adversidades do ambiente. Entre as baixas temperaturas e ausência de água líquida na superfície, certos microrganismos conseguem sobreviver e prosperar.

A área é hoje usada pela NASA precisamente como uma “simulação” do Planeta Vermelho, devido à sua extrema aridez e características geológicas semelhantes.

São, sem dúvida, um dos ambientes mais inóspitos e fascinantes do nosso Planeta Azul.