O ânus pode ter evoluído de um orifício que servia para libertar esperma

A questão de longa data de como os animais passaram a ter ânus parece ter sido resolvida. Um novo estudo sugere que o orifício anal evoluiu a partir de um buraco, que era originalmente utilizado para libertar esperma.

O ânus dá muito jeito. Inegável é que é uma inovação biofisiológica de grande sucesso. Contudo, ninguém sabe muito bem como é que evoluiu.

Uma análise genética recém-publicada na bioRxiv apresenta uma teoria nunca antes escrita, sugerindo que este orifício começou como sendo uma abertura utilizada para libertar esperma e que mais tarde se fundiu com o intestino.

Este é descrito como um exemplo da evolução que reaproveita estruturas.

Pensa-se que os animais primitivos desenvolveram a boca e o intestino antes do ânus. Algumas criaturas simples ainda têm este plano corporal. Por exemplo, as medusas continuam a “fazer cocó” pela boca.

Em 2008, descobriu-se que os genes-chave que controlam o desenvolvimento da região da boca são bastante diferentes dos genes do intestino grosso, sugerindo uma origem independente para o ânus – e agora pensa tê-la encontrado.

O novo estudo investigou animais como a Xenoturbella bocki, um organismo encontrado no fundo do mar com boca e intestino, mas sem ânus – que pode ser um representante vivo de um grupo antigo que era intermédio entre os antepassados das medusas e os primeiros animais com ânus.

Os cientistas descobriram que o X. bocki tem uma abertura separada para libertar esperma, chamada gonóporo masculino. Este orifício não existe, contudo, nas fêmeas, que libertam os ovos são libertados através da boca.

A equipa também descobriu que vários dos genes-chave que controlam o desenvolvimento do intestino posterior em animais com ânus também controlam o desenvolvimento do gonóporo em animais como o X. bocki – o que sugere uma ligação evolutiva.

“O que aconteceu é que, provavelmente, o buraco [gonóporo] já existia e o sistema digestivo estava por perto. Depois fundiram-se. Ligaram-se um ao outro e fizeram uma abertura comum”, explicou o líder da investigação, Andreas Hejnol da Universidade de Bergen, na Noruega, à New Scientist.

“A teoria é muito convincente”, disse à mesma revista Max Telford, da University College London, que não fez parte do estudo.

ZAP //

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