“São tempos que recomendam prudência, mesmo que essa prudência agrave ainda mais a economia”.
No meio de tanta agitação política e incerteza em Portugal, foi publicado um relatório que passou – mais do que o costume – ao lado das notícias e dos comentários: o relatório intercalar de perspectivas da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE).
A OCDE reviu em baixa as previsões de crescimento económico, a nível global; e a inflação também deverá subir nos próximos tempos.
O documento nunca nomeia Donald Trump, mas as “razões já conhecemos: a guerra comercial aberta pelo presidente dos EUA, que “obviamente vai aumentar os preços”.
“Não se percebe muito bem que tipo de economia é esta de Trump, que acha que tudo isto vai fazer milagres”, analisa Helena Garrido na Antena 1.
A especialista em economia reforça que estas previsões vão ter alguns efeitos na economia; e, se ficarem mais pessimistas, o impacto poderá ser ainda maior.
A economia vai crescer menos do que se esperava e a inflação aumenta. “As duas coisas ao mesmo tempo são uma má notícia”.
Esta instabilidade, esta incerteza, cria uma “natural prudência de quem vai às compras e de quem faz os investimentos”.
E isso gera o abrandamento da economia: menos emprego, no limite despedimentos.
Se a inflação continuar a subir, prevê-se que as taxas de juro deixem de descer – ou até podem voltar a subir. “E os portugueses sabem o peso disso”, lembra Helena.
“São tempos que recomendam prudência, mesmo que essa prudência agrave ainda mais a economia. Mas cada um tem de avaliar a sua situação”, resume a especialista.
Helena Garrido destaca no entanto o caso de Espanha. Enquanto a Alemanha, a Itália e a França tiveram as suas previsões corrigidas em baixa, a Espanha será o único dos principais parceiros da Zona Euro a contrariar esta tendência, com um crescimento do PIB duas vezes superior ao destes três países: “É uma espécie de milagre das economias ibéricas. Espanha especialmente, apesar da sua instabilidade política”.