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Novos documentos revelam rota dos milhões desviados da Sonangol por Lisboa

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Eneias Rodrigues / Lusa

Uma boa parte dos 131 milhões de dólares que foram desviados da Sonangol para uma offshore no Dubai saíram de uma conta bancária em Lisboa e voltaram depois a Portugal. Novos documentos ajudam a traçar a rota do dinheiro saído da petrolífera angolana quando era liderada por Isabel dos Santos.

O Expresso e a SIC tiveram acesso a extractos bancários e ordens de pagamento de uma conta da offshore Matter Business Solutions no banco Emirates NBD, no Dubai, conforme relata o semanário.

Esses documentos ajudam a traçar a rota dos milhões que saíram da Sonangol para a offshore quando Isabel dos Santos geria a petrolífera. Estão em causa 131 milhões de dólares.

O Expresso nota que “boa parte do dinheiro da Sonangol saiu de uma conta em Lisboa“, no Eurobic, “passou pela conta da Matter no Dubai e voltou para Lisboa“, tendo sido distribuído por várias contas em diversos bancos.

Assim, “quase todo o dinheiro pago a consultoras e a advogados através da Matter foi parar a contas bancárias em Lisboa, tirando o caso da consultora McKinsey, que recebeu 15,4 milhões de dólares numa conta no Bankinter em Madrid”, salienta o mesmo semanário.

As três grandes consultoras internacionais que trabalharam com Isabel dos Santos na Sonangol – a PricewaterhouseCoopers (PwC), a Boston Consulting Group (BCG) e a McKinsey – nunca revelaram quanto dinheiro receberam, nem que serviços justificam esses pagamentos.

Mas o Expresso destaca que mais de metade dos 131 milhões de dólares facturados pela Matter à Sonangol, em 2017, acabou nas contas da BCG (31,2 milhões), da PwC (21,4 milhões) e da McKinsey (15,4 milhões).

Do “bolo” total, 5,3 milhões de dólares destinaram-se a pagar ao escritório de advogados Vieira de Almeida (VdA) e cerca de 20 milhões de dólares acabaram em companhias de consultoria e gestão com ligações a Isabel dos Santos ou a pessoas que lhe são próximas.

O Expresso refere, nomeadamente, que 1,9 milhões de dólares foram “transferidos para a Fidequity e para a Santoro“, empresas de Isabel dos Santos que eram dirigidas por Mário Leite da Silva, ex-assessor da empresária angolana na Sonangol.

A sucursal portuguesa da Youcall, empresa detida em 70% por Isabel dos Santos e em 30% pela amiga Paula Oliveira, recebeu outros 3,4 milhões de dólares.

Não é possível rastrear o destino final de 31,5 milhões de dólares que sobraram na conta no Dubai.

A investigação Luanda Leaks revelou que foi Mário Leite da Silva quem levou a Matter Business Solutions para o Dubai, em 2016, tendo sido declarada como única accionista da empresa Paula Oliveira, figura muito próxima de Isabel dos Santos.

Depois dessa mudança para o Dubai, a Matter assinou com a Sonangol um contrato que vinculava a petrolífera a pagar à offshore “todos os serviços de consultoria passados e futuros”, sem incluir “limites de valor”, como destaca o Expresso.

O contrato foi assinado cinco dias antes de Isabel dos Santos ter sido demitida da Sonangol pelo então recém-eleito Presidente de Angola João Lourenço.

Este contrato foi um dos motivos que levou a Procuradoria Geral da República de Angola a abrir um inquérito-crime com Isabel dos Santos no centro por suspeitas de peculato, abuso de poder, associação criminosa e branqueamento de capitais.

 

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4 Comments

  1. Angola desde que é “independente” tem sido “governada” pelos comunistas, portanto se alguém conhecer um país comunista onde a riqueza do país é distribuída por todos e onde não seja comunismo miserável para a maioria e riqueza para a classe dominante, apontem lá onde existe esse tal país comunista. Portanto, pelo que conheço Angola não foge à regra, foi isso que quiseram, é isso que têm!

  2. Acredito que muita gente tal como eu não goste qdo regime angolano
    Isso é uma história.
    Agora o que não percebo é a perseguição desenfreada à Isabel.
    Aqueles que a promovem deviam estar à espera de algumas migalhas que não caíram.
    Por exemplo, pelo que li na imprensa a Isabel dos Santos acusou a sua perseguidora-mor de coisas feias.
    Mas não a vi mover qualquer processo à Isabelita.
    Coisas que não se percebem bem.

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