O recém-formado partido Podemos, nascido na esteira do movimento de indignados espanhóis contra a austeridade, lidera as intenções de voto para as legislativas do próximo ano, segundo uma sondagem hoje publicada pelo jornal El Pais.
Se as eleições, previstas para o outono do próximo ano, tivessem lugar esta semana, o Podemos, colocado à esquerda do Partido Socialista Operário Espanhol (PSOE), alcançaria 27,7% dos votos, à frente do PSOE, com 26,2%, e do Partido Popular (conservador), actualmente no poder, que se ficaria pelos 20,07%, de acordo com a sondagem.
Nas últimas eleições para o parlamento nacional, em 2011, os Populares obtiveram 44,6% dos votos contra 28,7% para o PSOE.
Em maio de 2014, nas eleições para o Parlamento, o Podemos conseguiu cinco assentos parlamentares, com 8% dos votos, tornando-se na quarta força política espanhola.
“Nunca um partido recém-criado tinha atingido um tal nível das intenções de voto com apenas oito meses de idade”, afirma o diário espanhol.
O Podemos, liderado pela universitário Pablo Iglesias, é apoiado por descontentes com a situação decorrente da crise profunda que os espanhóis atravessam, em que mais de 23% da força de trabalho está desempregada, e os escândalos de corrupção envolvendo principalmente o Partido Popular, afirma a AFP.
Cerca de 42% dos potenciais eleitores do Podemos afirma que fazem esta escolha porque estão “desapontados” com os outros partidos e “desencantados”, enquanto 33% o faz por convicção ideológica.
“O Podemos alimenta-se com os erros dos outros“, afirma o El Pais, que explica que 54% dos entrevistados acredita que as propostas não são realistas e metade de suas ideias para sair da crise não são claras.
A sondagem foi realizada pela Metroscopia para o El Pais, tendo sido feita nos dias 18 e 19 de outubro a mil adultos, quando surgiu um escândalo de corrupção dos poderes municipais e autonómicos, que levou à detenção 51 pessoas.
O El Pais adverte que estes resultados devem ser lidos com cautela, dado o “instantâneo” do estado de espírito dos cidadãos, em vez de uma previsão real do seu voto daqui a um ano.
A margem de erro da sondagem é de 3,2%.
/Lusa