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Novo Banco. Gestor de crédito malparado nega conhecimento prévio da carteira

António Cotrim / Lusa

O administrador da Finsolutia Nuno Espírito Santo garantiu que desconhecia previamente a carteira de imóveis adquirida ao Novo Banco e gerida pela sua empresa, e que não se relaciona com o primo Ricardo Salgado “desde 2013 ou 2014”.

Questionado pelo deputado único da Iniciativa Liberal, João Cotrim de Figueiredo, na comissão de inquérito ao Novo Banco, sobre se tinha algum tipo de “conhecimento prévio” quanto ao conteúdo das carteiras de crédito que a Finsolutia viria a administrar, Nuno Espírito Santo rejeitou.

“De todo. Para terem consciência, as carteiras do Novo Banco representam 15% dos ativos que nós gerimos. Nós temos um mundo além do Novo Banco. Nós fazemos a gestão, mas a atividade da Finsolutia é muito mais abrangente e muito mais relevante que os ativos do Novo Banco”, respondeu ao deputado liberal.

Nuno Espírito Santo tinha trabalhado no BES Investimento na década de 2000, e os principais investidores da empresa fundada por si foram esse banco e o suíço UBS.

O gestor revelou também que não fala com o seu primo Ricardo Salgado, antigo presidente do BES, “seguramente desde 2013 ou 2014”.

“Eu sou primo relativamente afastado. O meu avô é irmão do avô dele, e eu sou o mais novo da minha geração, tenho 49 primos direitos. Eu conheço o doutor Ricardo Salgado, mas não é uma pessoa com quem eu tenha relação”, respondeu ao deputado Alberto Fonseca (PSD).

João Cotrim de Figueiredo perguntou também acerca do trabalho realizado com a Anchorage, empresa sediada nas Ilhas Caimão, com uma subsidiária no Luxemburgo, que comprou a carteira de crédito Viriato ao Novo Banco em 2018, e cujos beneficiários últimos não são conhecidos.

“Nós só fomos envolvidos na fase final com a Anchorage”, começou por dizer o antigo trabalhador do BES Investimento, acrescentando que a empresa “é um player relevante no mercado deste tipo de ativos, e é uma entidade a quem nós fazemos esforço comercial, transacional”.

O deputado Duarte Alves (PCP) interpelou Nuno Espírito Santo dizendo que “trabalhava diretamente com o fundo Anchorage e geria os ativos que eram do fundo Anchorage”, através de sociedades imobiliárias portuguesas, questionando “quem era afinal a Anchorage” e os seus beneficiários últimos.

“O que posso dizer é que do nosso processo de contratação fizemos o nosso KYC [know your customer, avaliação do cliente] e o AML [anti-money laundering, contra branqueamento de capitais], e consideramos que cumpriram com os requisitos para nós podermos assinar os nossos contratos”, respondeu.

Nuno Espírito Santo disse ainda que sabia “o suficiente” para poder assinar os contratos com as sociedades locais, mas apenas “dentro daquilo que é o enquadramento legal do país”, desconhecendo “quem são os investidores” do fundo.

// Lusa

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