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Novo aeroporto de Lisboa pode afetar de forma “drástica” aves do Tejo

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O novo aeroporto do Montijo pode afetar de forma “drástica” toda a biodiversidade da região, alertou o presidente da Comissão parlamentar do Ambiente e deputado bloquista Pedro Soares.

O presidente da Comissão parlamentar de Ambiente, Pedro Soares, afirmou esta terça-feira que o novo aeroporto do Montijo pode afetar de forma “drástica” toda a biodiversidade e as aves da região, no distrito de Setúbal.

“Sem dúvida que a colocação de um aeroporto comercial, com a dimensão que se pretende e com a frequência de voos que está prevista, vai afetar de forma muito drástica toda esta área [Zona de Proteção Especial do Tejo], toda esta biodiversidade e avifauna. Já para não falar dos problemas de segurança para a operação do aeroporto”, alertou Pedro Soares, em declarações à Lusa.

O deputado do Bloco de Esquerda e presidente da Comissão Parlamentar de Ambiente, Ordenamento do Território, Descentralização, Poder Local e Habitação falava no Cais do Seixalinho, no Montijo, no último dia de visita a municípios que se situam ao longo do rio Tejo.

“Terminamos precisamente num sítio crítico, que é a Zona de Proteção Especial do Estuário do Tejo, que neste momento está debaixo de um debate muito importante que tem a ver com a possibilidade de implantação do novo aeroporto”, indicou.

Nesta visita, os deputados conversaram com responsáveis do Instituto de Conservação da Natureza e Florestas (ICNF), de forma a perceber qual a situação atual do Estuário do Tejo, tendo concluído que os principais problemas da área não se relacionam com a qualidade da água, mas sim com os impactos que o novo aeroporto poderá ter nas aves que o habitam.

“Pela explicação que nos foi acabada de dar, percebe-se que este estuário tem um papel essencial na avifauna, na biodiversidade. Foi-nos dito que cerca de 70% das espécies avícolas estão aqui, sendo uma das dez zonas mais importantes em toda a Europa”.

Segundo Vítor Encarnação, do ICNF, atualmente a Base Aérea n.º 6 “não tem grande impacto nas aves devido ao tipo de aviões”, que são mais pequenos e menos potentes, no entanto, o mesmo não vai acontecer com o novo aeroporto, não só pelas características dos aviões, mas porque a estrutura aeroportuária vai conflituar com o percurso migratório das aves, existindo elevado risco de colisão.

Para Pedro Soares, o debate sobre esta problemática deve acentuar-se quando o Estudo de Impacte Ambiental foi divulgado, o que está previsto para a segunda semana de abril, de acordo com a ANA-Aeroportos.

Quando questionado sobre a necessidade de se efetuar uma Avaliação Ambiental Estratégica, defendida pela associação ambiental ZERO, o deputado indicou que apenas poderia “responder em termos pessoais”, considerando que “era de toda a conveniência esse estudo comparativo” com outros locais possíveis para a construção da infraestrutura.

A visita, que se iniciou na segunda-feira, teve como objetivo o acompanhamento da evolução das situações ambientais detetadas aquando da deslocação realizada por esta comissão na primeira Sessão Legislativa, em abril de 2016, tendo passado por Castelo Branco, Vila Velha de Ródão, Abrantes, Torres Novas (Ribeira da Boa Água), Lezíria Grande e Montijo (Zona de Proteção Especial do Tejo).

ZAP // Lusa

2 Comments

  1. Decididamente este senhor nunca esteve ao lado de um Hercules C-130, de um P3 ou de um EH-101!
    senão não dizia estas barbaridade:

    “Segundo Vítor Encarnação, do ICNF, atualmente a Base Aérea n.º 6 “não tem grande impacto nas aves devido ao tipo de aviões”, que são mais pequenos e menos potentes”

    Tadinhas das aves que são mais importantes que a vida das pessoas!

    • Bem visto ! Aliás querer comparar pequenas aeronaves da FAP, monomotoras. com variações bruscas de velocidade e rotas, com muito maiores aviões civis, no mínimo bi-motores e com velocidades e rotas bem mais estáveis, diminuindo a probabilidade de “bird strike” e mesmo assim só de vizualização de aves (hoje em cerca de 90% dos casos) e eventualmente colisão com avião (hoje cerca de 10%) Então certos aeroportos mundiais, não classificados como perigosos, alguns de onde vêm as aves migratórias para a RNET (em que o AHD está a cerca de metade da distância da BA6) deveriam encerrar ? O único caso em que um piloto da FAP morreu (“na praia”) junto à BA6, por causa de um “Bird Strike”, este deu-se exatamente na zona onde queriam fazer o NAL-CTA, onde existem mais aves e outro tipo de flora, e onde a bio-diversidade é muito maior. É só ler os relatórios: do LNEC (2008) da NAER e APA (2010).

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