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A dupla-hélice já não está sozinha: encontrado ADN em “nó torcido”

(CC0/PD) LionFive / pixabay

A conhecida estrutura em dupla-hélice do ADN

Todos aprendemos na escola que o ADN tem estrutura de dupla hélice, certo? Segundo Daniel Christ, investigador do Instituto Garvan de Pesquisa Médica, na Austrália, isso não corresponde exatamente à realidade.

Numa pesquisa publicada na segunda-feira na revista científica Nature Chemistry, o nosso complexo código genético também é encontrado numa outra organização estrutural, semelhante a um nó torcido.

“Esta nova pesquisa lembra-nos que há estruturas de ADN totalmente diferentes – e poderiam ser importantes para as nossas células”, declarou Christ.

A nova estrutura encontrada pelo grupo de pesquisa foi batizada de motivo intercalado, ou i-motif. Esta estrutura já tinha sido descoberta por cientistas na década de 1990, mas apenas agora pôde ser testemunhada in vitro.

Segundo a equipa de Christ, essas estruturas ocorrem naturalmente dentro das nossas células, modificando muito do que nós pensamos sobre a organização do código genético.

O investigador que conduziu a pesquisa, Marcel Dinger, explica mais sobre a estrutura descoberta: “O i-motif é um nó de quatro filamentos de ADN. Na estrutura do nó, as moléculas de Citosina ligam-se, o que é muito diferente da dupla hélice, onde a citosina se liga à guanina”.

Mas a descoberta não acaba aqui: segundo os cientistas, essa é só uma das formações que não segue a estrutura de dupla hélice. Há também A-ADN, Z-ADN, triplex ADN e ADN Cruciforme, todas ocorrendo de forma natural dentro das células animais.

Zeraati et al. / Nat Chem,

i-motif: estrutura de ADN em “nó torcido”

O estudo revelou que os i-motif tendem a aparecer nas áreas do código genético conhecidas como promotoras, que são as que determinam se os genes serão ativados ou não.

Além disso, a estrutura também aparece nos telómeros, a região do ADN que dita os marcadores genéticos de envelhecimento. “Parece provável que estejam lá para ajudar a ligar ou desligar genes, e para determinar se um gene é lido ativamente ou não”, disse Mahdi Zeraati, um dos cientistas da equipa de estudos.

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