Os elevados preços na habitação na Nova Zelândia estão a ter um “impacto punitivo” nas comunidades marginalizadas, deixando muitas pessoas desabrigadas, revelou esta segunda-feira a comissão de direitos humanos, ao mesmo tempo que lança um inquérito sobre o mercado imobiliário do país.
As medidas aplicadas pela primeira-ministra Jacinda Ardern no início de 2020 para travar o crise imobiliária não tiveram efeito nos preços das casas, noticiou o Independent. Os preços dos imóveis no país foram os que mais subiram entre as nações da OCDE, aumentando cerca de 30% nos últimos 12 meses.
“A crise da habitação em Aotearoa é também uma crise de direitos humanos”, disse o comissário-chefe de Direitos Humanos da Nova Zelândia, Paul Hunt, num comunicado em que se refere ao país usando o nome indígena maori. “Está a ter um impacto punitivo, especialmente sobre os mais marginalizados nas nossas comunidades”, sublinhou.
As políticas para combater a crise causada pela pandemia se traduziram em hipotecas mais baratas, permitindo que os proprietários construíssem casas para aluguer, alimentando um novo aumento nos preços. Este aumento bloqueou a possibilidade de compra e de arredamento por parte de pessoas com baixos rendimentos.
“O direito a uma casa decente, embora obrigatório na Nova Zelândia [à luz] do direito internacional, é quase invisível e desconhecido em Aotearoa”, continuou Hunt.
Num relatório de junho, a Relatora Especial das Nações Unidas para Habitação Adequada, Leilani Farha, disse que o governo não garantiu que o mercado imobiliário atendesse às necessidades da população. Os preços forçaram as famílias a passar para moradias de emergência, como motéis, com cerca de 23.000 indivíduos à espera de moradias sociais.
A desigualdade inflamada pela crise imobiliária é o maior desafio político enfrentado pelo governo de centro-esquerda de Ardern, liderado pelos trabalhistas, apontou o diário. Embora tenha uma popularidade alta devido à resposta à pandemia, uma pesquisa da Newshub-Reid Research mostrou que o apoio ao Partido Trabalhista caiu 10 pontos.