Planos secretos para nova Superliga Europeia excluem clubes portugueses

Bjørn Giesenbauer / Flickr

Há documentos secretos que comprovam como 11 clubes de futebol de Inglaterra, Espanha, Itália, França e Alemanha estão a preparar uma nova Superliga Europeia, que visa ser alternativa à UEFA e onde não há lugar para clubes portugueses.

A notícia é avançada na edição impressa do jornal Expresso deste sábado, que teve acesso a um documento confidencial datado de 22 de Outubro, referindo que o acordo para esta Superliga Europeia de 11 clubes, aos quais se juntarão depois cinco convidados, será assinado este mês.

O objectivo é que a competição seja oficialmente criada em 2021.

Estes planos secretos surgem no âmbito da investigação ‘Football Leaks’, levada a cabo por uma rede internacional de órgãos de comunicação social (o consórcio European Investigative Collaborations – EIC), da qual o Expresso faz parte.

Desta vez, o consórcio teve acesso – mediante a partilha da revista alemã Der Spiegel – a um anexo de um e-mail enviado no final de Outubro ao presidente do Real Madrid, Florentino Pérez, que se traduz num acordo vinculativo para ser assinado pelos presidentes de 11 clubes europeus para a concretização desta Superliga Europeia em 2021, como escreve o Expresso.

Isso implica, também, “a criação de uma organização multinacional” para gerir essa Superliga, “com poderes administrativos, financeiros e disciplinares”, semelhantes aos da UEFA, mas “noutra escala”, acrescenta o jornal.

Os 11 clubes fundadores são o Real Madrid, o Barcelona, o Manchester United, o Manchester City, o Chelsea, o Arsenal, o Liverpool, o PSG, a Juventus, o AC Milan e o Bayern de Munique.

A estes acrescem cinco convidados, o Atlético de Madrid, o Olympique de Marselha, o Inter de Milão, o AS Roma e o Borussia de Dortmund.

Da lista não faz parte qualquer clube português.

O Expresso adianta que o plano passa por constituir uma empresa em Espanha formada pelos clubes fundadores, que serão os donos, tendo como principais accionistas o Real Madrid, o Baecelona, o Manchester United e o Bayern.

A ideia de criar uma Superliga Europeia foi conhecida em 2016, mas nunca foi concretizada, chegando a ser afastada pela UEFA, que aceitou, para isso, aceder a algumas reivindicações de clubes europeus.

Em Março de 2017, marcando presença em Portugal, o presidente da UEFA, Aleksander Ceferin, rejeitou a ideia da criação de uma Superliga europeia, indicando que “isso significaria uma guerra” com esta instituição.

Também nesse mês, a Associação Europeia de Clubes anunciou, em Atenas, ter chegado a acordo com a UEFA para a reforma das competições europeias de clubes, colocando termo ao projecto de criação de uma Superliga.

O processo ‘Football Leaks’ arrancou em 2016, com uma vaga de notícias resultante de fugas de informação sobre a indústria do futebol, nomeadamente pondo em causa a UEFA, e voltou agora ao activo, com novas revelações.

Ao todo, foram 70 milhões de documentos a que a Der Spiegel teve acesso e que partilhou com os outros membros do EIC, numa análise que juntou 70 jornalistas de 15 órgãos de comunicação.

O Expresso assinala que este é “um número recorde” de fuga de informação, “seis vezes maior do que os Panama Papers quando foram lançados em 2016”.

O resultado destas análises no âmbito do ‘Football Leaks’ começa agora a ser publicado pelo Expresso, que adianta que, durante este mês, haverá novas revelações abrangendo “histórias sobre transferências de jogadores, agentes, ‘doping’, racismo e casos de fraude”.

ZAP // Lusa

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