Descoberta nova substância química extremamente reativa na atmosfera

NASA / Wikimedia

A parte superior da atmosfera, fotografada a partir da EEI

Cientistas da Universidade de Copenhaga, na Dinamarca, descobriram uma nova classe de compostos químicos na atmosfera da Terra.

Um novo estudo sugere que milhões de toneladas de uma classe de químicos extremamente reativos, chamados hidrotrióxidos, podem permanecer na atmosfera da Terra durante várias horas – uma descoberta que poderia ter implicações para a saúde humana e para o clima global.

Segundo o Live Science, estas substâncias químicas são formadas por três átomos de oxigénio que tornam a molécula ainda mais reativa que os já conhecidos peróxidos, também encontrados na atmosfera.

“Mostrámos que a vida útil de um deles foi de, pelo menos, 20 minutos“, disse Henrik Grum Kjærgaard, químico da Universidade de Copenhaga. “É tempo suficiente para que eles façam coisas na atmosfera.”

“Podemos agora mostrar, através da observação direta, que estes compostos se formam realmente na atmosfera, que são surpreendentemente estáveis e que são formados a partir de quase todos os compostos químicos”, acrescentou Jing Chen, um dos autores do artigo científico, publicado recentemente na Science.

No estudo, os investigadores estimam que cerca de 11 milhões de toneladas de hidrotrióxidos se formam anualmente na atmosfera como produto de uma das reações mais comuns: a oxidação do isopreno, uma substância produzida por muitas plantas e animais e que é o principal componente da borracha natural.

Os investigadores estimam que cerca de 1% do isopreno libertado na atmosfera forma hidrotrióxidos, e que estes são produzidos a partir destas reações em concentrações muito baixas – cerca de 10 milhões de moléculas de hidrotrióxido num centímetro cúbico da atmosfera.

Agora que esta investigação confirmou que os hidrotrióxidos são formados por reações químicas comuns na atmosfera, os cientistas irão investigar como os compostos podem afetar a saúde humana e o ambiente.

“A partir do conhecimento da química orgânica, podemos esperar que [os hidrotrióxidos] atuem como um oxidante na atmosfera”, disse Torsten Berndt, químico atmosférico do Instituto Leibniz de Investigação Troposférica (TROPOS), na Alemanha.

“Também é possível que os hidotrióxidos possam ter um efeito quando os nossos pulmões respiram ar que os contém em concentrações muito baixas, mas isto é tudo muito especulativo neste momento”, acrescentou.

Os hidrotrióxidos poderiam ainda penetrar nos aerossóis atmosféricos – partículas sólidas muito finas ou gotículas líquidas suspensas na atmosfera, como as cinzas de erupções vulcânicas – e iniciar reações químicas, mas “as investigações experimentais sobre este assunto são muito desafiantes”.

ZAP //

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