Para além de não comerem muita carne no dia a dia, os nobres também convidavam plebeus para os grandes banquetes que organizavam onde os pratos de carne já eram os reis.
Uma nova análise a mais de 2000 esqueletos enterrados em Inglaterra entre os séculos V e XI sugere que a nobreza que governava o país no início da era medieval não era tão obcecada com carne como podemos achar.
O par de estudos publicado na Anglo-Saxon England detalha que antes do início das invasões dos vikings, os nobres ingleses comiam maioritariamente cereais e vegetais e reservavam a carne para os grandes banquetes em ocasiões especiais.
A estratificação social também era menos rígida do que se pensava, havendo uma relação mais próxima entre os camponeses e os aristocratas, que muitas vezes comiam juntos nestes grandes jantares, escreve a Smithsonian Mag.
A ideia pré-concebida de que os líderes medievais adoram carne não vem do nada, já que nos banquetes abundava a oferta de pratos com carnes de vaca, carneiro e de aves e também enguias. Mas isto acontecia só (literalmente) quando o rei fazia anos.
Esta revelação foi feita através de uma análise isotópica a 2023 esqueletos de vários estratos socioeconómicos que não tinham os sinais típicos de quem tem uma dieta tão rica em proteína animal, como o desenvolvimento da gota.
Não há provas diretas que mostram que os nobres comiam mais vegetais, mas isto não significa que isso não acontecia, já que a aristocracia podia considerar estes alimentos tão comuns que não valia a pena mencioná-los nos menus.
“Devemos imaginar um grande leque de pessoas a comer pão com pequenas quantidades de carne e queijo ou a comer sopas de alho-poró e grãos integrais com um bocadinho de carne pelo meio“, afirma o co-autor Sam Leggett.
Os banquetes especiais recheados de carne também não eram reservados só para a aristocracia. “Os historiados geralmente assumem que os banquetes eram exclusivamente para as elites. Mas as listas dos menus mostram que mesmo que tenhamos em conta enormes apetites, 300 ou mais pessoas participavam”, revela o co-autor Tom Lambert.
“Isto sugere que muitos lavradores plebeus estivessem lá e tem grandes implicações políticas. Podemos compará-los ao jantar da campanha presidencial nos Estados Unidos que temos agora. Era uma forma crucial de contacto político”, remata.