Nobel da Paz chinês Liu Xiaobo em “estado crítico”

Lusa

Liu Xiaobo, Nobel da Paz em 2010, foi libertado após diagnóstico de cancro em fase terminal

Liu Xiaobo, Nobel da Paz em 2010, foi libertado após diagnóstico de cancro em fase terminal

O dissidente chinês Liu Xiaobo está “num estado crítico”, anunciou hoje o hospital onde o prémio Nobel da Paz 2010 deu entrada após ter saído da prisão devido a um cancro do fígado.

“A equipa nacional de especialistas pensa que o paciente está num estado crítico“, indicou num comunicado o hospital universitário nº1 de Shenyang (nordeste), declarando-se pronto a transferir o defensor dos direitos humanos para os cuidados intensivos caso seja necessário.

Segundo o hospital, os últimos exames revelam que o tumor de Liu Xiaobo cresceu e que este regista uma descida da pressão arterial e insuficiência renal.

Várias organizações de defesa dos direitos humanos e próximos de Liu criticaram Pequim por ter esperado que o seu estado de saúde piorasse para lhe permitir sair da prisão, mas as autoridades afirmam que o Nobel da Paz é tratado por reputados oncologistas.

Condenado em 2009 a uma pena de 11 anos de cadeia por subversão, Liu Xiaobo, de 61 anos, foi colocado em liberdade condicional após lhe ter sido diagnosticado, em maio, um cancro no fígado em fase terminal.

O ativista, intelectual e dissidente foi detido por ter participado na redação de um manifesto conhecido por “Carta 08”, em que se exigiam reformas fundamentais no regime chinês.

O antigo professor de Literatura na Universidade de Pequim escreveu sobre a sociedade e a cultura chinesas, centrando-se na democracia e nos direitos humanos e era influente no meio intelectual.

Liu foi um dos animadores do movimento estudantil pró-democracia da Praça Tiananmen, em 1989, tendo estado preso durante 21 meses após a violenta repressão dos protestos.

Em 1996, foi condenado a três anos de “reeducação através do trabalho“, em resultado de mais ações de luta pelos direitos fundamentais. Foi novamente detido a 8 de dezembro de 2008, dois dias antes da publicação, por ocasião do 60.º aniversário da Declaração Universal dos Direitos Humanos, da “Carta 08”, embora a data formal da detenção tenha sido 23 de junho de 2009, por suspeita de “alegadas ações de agitação destinadas a subverter o Governo e derrubar o sistema socialista”.

Em 9 de dezembro de 2009, foi oficialmente acusado de “incitar à subversão do poder do Estado” e a 25 do mesmo mês, após um julgamento que não cumpriu os padrões processuais internacionais mínimos, foi condenado a 11 anos de cadeia.

A Academia Nobel atribuiu-lhe no dia 8 de outubro de 2010 o galardão da Paz, em reconhecimento da “longa e não-violenta luta pelos direitos humanos fundamentais na China”.

ZAP // Lusa

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