A concentração de dióxido de carbono na atmosfera terrestre aumentou em velocidade recorde em 2016 e atingiu um nível que nunca tinha sido atingido nos últimos três milhões de anos, alertou a Organização das Nações Unidas.
O novo relatório é uma chamada de atenção a cientistas e governantes, e pede às nações que considerarem reduções drásticas na quantidade de CO2 que emitem nas negociações da próxima reunião climática em Bona, na Alemanha.
“As concentrações globais de CO2 atingiram 403,3 partes por milhão em 2016 contra 400 ppm em 2015, devido à combinação de actividade humana com o forte El Niño” de 2016, de acordo com o Boletim de Gases do Efeito Estufa, publicado anualmente pela agência meteorológica da ONU.
“Os números não mentem”, disse o director do Gabinete de Meio Ambiente da ONU, Erik Solheim. “Ainda estamos a emitir muito CO2 e precisamos de reverter essa tendência. Temos que redobrar os nossos esforços para garantir que novas tecnologias com baixa emissão de carbono possam prosperar”.
O aumento de 3,3 ppm é consideravelmente maior do que o aumento anual médio de 2,08 ppmda última década, e encontra-se bastante acima do registado no ano do último grande El Niño, em 1998, quando o aumento foi de 2,7 ppm.
O estudo, que usa dados de monitorização de navios, aeronaves e estações terrestres para acompanhar as tendências das emissões de CO2 desde 1750, afirma que o dióxido de carbono na atmosfera está a aumentar 100 vezes mais rapidamente do que na última Era Glacial, devido ao crescimento populacional, agricultura intensiva, desmatamento e industrialização.
Não é possível saber quanto desse aumento é devido ao El Niño, que desencadeia secas que reduzem a capacidade dos “recicladores” naturais de carbono, como as florestas, de absorver o gás.
No início deste ano, cientistas do Met Office, do Reino Unido, emitiram a sua primeira previsão, tendo projectado que o CO2 poderia chegar às 410 ppm em março – e que quase certamente chegaria a esse nível em abril. A sua previsão foi confirmada com o registo diário do dia 18 de abril.
A animação acima, feita pela NASA, mostra como o dióxido de carbono se move à volta do planeta. De acordo com os cientistas, a média mensal de dióxido de carbono na atmosfera chegou a um pico próximo de 407 ppm em maio, estabelecendo um novo recorde do valor de média mensal de CO2 na atmosfera.
Felizmente, muitos países estão já a adoptar medidas importantes para tentar diminuir drasticamente a quantidade de CO2 na atmosfera. Na China, por exemplo, o governo ordenou o encerramento de 40% das fábricas para reduzir a poluição, enquanto a Holanda está se prepara para acabar com todo o uso de carvão na sua indústria até 2030.
Por outro lado, Oxford, no Reino Unido, quer tornar-se a primeira cidade livre de emissões de carbono no mundo até 2035, enquanto a Austrália está a construir o que será em breve a maior central de energia solar concentrada do mundo.
ZAP // The Greenest Post / HypeScience