Ninguém falou sobre Salgado no Parlamento. E “ninguém liga a Sócrates”

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Miguel A. Lopes / Lusa

O ex-presidente do BES, Ricardo Salgado

Prescreveram 11 crimes do processo BES/GES; nenhuma palavra sobre o assunto no debate quinzenal. Artigo de José Sócrates ignorado.

Como já se previa, já começaram a prescrever os crimes relacionados com a queda do Universo Espírito Santo. E o julgamento ainda nem começou.

Nesta semana o Juízo Central Criminal de Lisboa declarou a prescrição de 11 crimes do processo BES/GES. Três desses crimes eram crimes imputados a Ricardo Salgado.

Em causa estão um crime de falsificação referente a um documento com declaração imputada ao governo da entidade Fonden; outro de falsificação de um contrato entre a sociedade ES Tourism Europe e outra entidade; e um de infidelidade, por uso do BES em dezembro de 2013 em operações com o BES Londres.

Tudo prescreveu mas, aparentemente, já se olha para isto como algo normal em Portugal.

A notícia surgiu em dia de debate quinzenal com o primeiro-ministro. O encontro na Assembleia da República durou cerca de 2h30m, falou-se sobre vários assuntos (com foco no Orçamento do Estado), houve espaço para revelações em microfone desligado e para referências a nazis.

Mas ninguém abordou a prescrição dos crimes.

Paulo Ferreira lamentou esse “absoluto silêncio de toda a gente”. Na rádio Observador, o comentador disse que parece que “não se passa nada”. E avisa que processos como a Operação Marquês vão seguir o mesmo rumo: os crimes vão prescrever.

Se estes casos não forem julgados, ou o país fecha de vez, ou então estamos numa crise de regime. E estamos todos a assistir, de uma forma normal, natural, sem que se faça um diagnóstico”, avisou o comentador.

José Manuel Fernandes viu um aspecto “ligeiramente positivo” neste silêncio sobre a Justiça. Mas noutro contexto: ninguém falou sobre o artigo de José Sócrates sobre o novo Procurador-Geral da República (PGR).

O antigo primeiro-ministro enviou um texto às redacções, no qual fala em “Prémio de Carreira” para Amadeu Guerra, alegando que o novo PGR “foi responsável” pela Operação Marquês – que originou diversas acusações ao próprio Sócrates.

“Já ninguém liga a José Sócrates”, atirou José Manuel Fernandes.

ZAP //

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