As paisagens de neve no Ártico estão a ficar cada vez mais cor-de-rosa e a culpa é de um tipo de algas que tem crescido com o aquecimento global e que pode piorar as alterações climáticas.
Esta é a conclusão de uma nova pesquisa publicada na Nature Communications e levada a cabo por cientistas de Inglaterra e Alemanha.
Estes investigadores analisaram amostras de 16 glaciares da Suécia, da Gronelândia, da Islândia e da Noruega e concluíram que a chamada “watermelon snow” ou “neve melancia” é provocada pelas algas Chlamydomonas nivalis.
Estas algas, normalmente verdes, ficam vermelhas quando entram em contacto com o sol. Ora, a circunstância de o gelo do Ártico estar a derreter a uma velocidade nunca vista está a propiciar que isso aconteça.
Os cientistas deste estudo focaram-se na propriedade conhecida como albedo, que representa a proporção da luz reflectida pela superfície. É o mesmo conceito que ajuda a explicar porque é que as cores escuras absorvem mais luz e, nomeadamente, porque é que a roupa preta se torna mais quente no Verão.
Com o escurecimento das algas do Ártico e a neve a tornar-se mais rosada, os investigadores apuraram que esta absorve, em média, mais 13% de calor do que quando está branca.
Isto significa que a neve derrete mais depressa, o que transforma o fenómeno num potencial acelerador do aquecimento global.
O grande receio é que este tom rosado provoque uma verdadeira “bola-de-neve” problemática em que as algas escurecem a neve, o que leva a maior derretimento e escassez desta, o que, por sua vez, provoca um maior crescimento das algas.
Certo é que “o efeito bio-albedo é importante e tem que ser considerado em futuros modelos climáticos”, salienta-se no estudo.
SV, ZAP