Netflix explica bloqueio de partilhas. 90% dos portugueses vão desistir

Pode enviar o código de autenticação a quem não morar em sua casa – mas aí será o proprietário da conta a deixar de ver a Netflix.

Desde o ano passado que se sabe que a Netflix iria bloquear a partilha de palavras-passe.

Até aqui, com apenas uma conta, diversas casas poderiam ver as séries e os filmes da empresa. Bastava saber os códigos de acesso; e em muitos casos havia também partilha de despesas.

Mas essa facilidade vai acabar, aparentemente.

A Netflix actualizou a sua secção do centro de assistência e começou a dar respostas – embora ainda haja uma essencial que levante dúvidas.

Primeiro, surge logo o esclarecimento: “As pessoas que não vivem na sua residência têm de usar a sua própria conta para ver a Netflix.

Quando um dispositivo, fora da residência do titular da conta, inicia sessão numa conta ou é usado com regularidade, a Netflix poderá solicitar verificação do dispositivo, para que este possa ser utilizado.

E como é que se vai verificar um dispositivo à distância? Essa é a questão essencial.

O titular da conta recebe um código de verificação de 4 dígitos, através do e-mail ou por SMS. Esse código tem de ser introduzido no dispositivo que fez o pedido no espaço de 15 minutos.

A esta altura, o leitor pode pensar: “Então basta eu, titular da conta, enviar o código a essa pessoa e continuamos os dois a ver” – não. Aparentemente, não. Porque este sistema deverá bloquear o acesso em sua casa.

E bloqueia em qualquer dispositivo. Porque diversos sites especializados explicam que, a partir do momento em que essa segunda casa tenha acesso à Netflix, a rede wi-fi base passa a ser a da segunda casa. A da primeira desaparece.

Dando nomes fictícios como exemplo: a Joana é a titular da conta e tem televisão, telemóvel e computador com acesso à plataforma – tudo em sua casa, tudo na mesma rede wi-fi; mas quando dá a palavra-passe (e depois o código) ao Pedro, a partir daí é o Pedro que pode ver a Netflix em casa do Pedro. Nenhum dispositivo da Joana terá acesso, mesmo sendo ela a titular da conta. Porque, agora, a rede wi-fi associada à conta é a do Pedro.

“Utilizamos informações como os endereços de IP, o identificador dos dispositivos e a actividade de conta dos dispositivos com sessão iniciada na conta Netflix”, escreve a empresa.

Resumindo (e do que percebemos): se a rede wi-fi muda, a Netflix “muda de casa” nesse momento.

Outra perspectiva que foi surgindo em portais, incluindo no português Aberto até de madrugada, avisa que os utilizadores têm de se ligar à rede wi-fi do local principal pelo menos uma vez por mês. E depois terão liberdade para ver a Netflix noutros locais, com os seus dispositivos – mas, em princípio, se for numa segunda televisão, a televisão do titular de conta deixará de ter acesso.

No caso de viagens, ou se morar fora da residência por um período prolongado, “poderá ser-lhe solicitado, ocasionalmente, que verifique o seu dispositivo”.

O número de pessoas que podem ver a Netflix em simultâneo é determinado pelo plano – mais uma vez, desde que os dispositivos em utilização pertençam a pessoas da mesma residência.

Portugueses não querem continuar

Entretanto, o portal Pplware tentou averiguar a opinião dos portugueses sobre estas novidades.

A pergunta foi directa: vão cancelar a Netflix se começarem a pagar pelas contas partilhadas?

Mais de 2 mil respostas e tendência clara: 90% disseram que sim, que vão desistir da sua conta Netflix.

O que significa que, segundo esta sondagem, em cada 10 portugueses com conta Netflix, apenas um vai manter essa mensalidade em breve.

“Amor é partilhar uma palavra-passe”

Mais uma vez, a internet não perdoa. Quando as pessoas não se lembram de algo, parece que a internet se lembra por elas (obviamente com o factor humano por trás).

Alguém lembrou-se que, em 2017, a própria Netflix publicou no Twitter esta mensagem: “Amor é partilhar uma palavra-passe”.

Love is sharing a password.

— Netflix (@netflix) March 10, 2017

Afinal, o amor também tem preço.