A maior produtora de comida e bebidas do mundo vai aumentar os preços. A Nestlé justifica a decisão com a subida dos custos de produção das mercadorias e dos transportes.
A empresa suíça revelou na Quinta-Feira que vai responder aos maiores custos com um aumento dos preços na segunda metade do ano. Numa videoconferência com jornalistas citada pela CNN, o CEO da Nestlé, Mark Schneider, revelou que a “inflação tem estado practicamente ausente durante vários anos e depois aumentou muito rápido” e que essa mudança afectou directamente a empresa.
Segundo os donos de marcas como a Nescafé, a Cerelac e a Kit-Kat, a multinacional precisa de aumentar os preços cerca de 2% para compensar o aumento de 4% nos custos de produção, isto depois da empresa já ter subido os preços este ano. No entanto, Schneider acredita que a inflacção é de transição.
A produtora já aumentou os preços 1,3% em média nos primeiros seis meses do ano, principalmente na América do Norte e na América Latina. Os preços dos produtos lacticínios e dos gelados subiram 3,5% enquanto a água aumentou 1,6%.
De acordo com Schneider, a Nestlé pode limitar o crescimento dos custos ao aumentar o preço do café, mas outros custos, como o transporte, estão para além do controlo da empresa, o que coloca pressão nas margens.
A Nestlé prevê uma margem de lucro de 17,5% este ano, uma pequena descida que reflecte os “atrasos entre a inflacção dos custos de entrada e os preços”. Mesmo assim, as vendas devem crescer entre 5% e 6% em 2021.
Várias empresas têm-se mostrado preocupadas com o aumento dos custos de produção, já que a procura de alguns produtos aumentou rapidamente com o regresso progressivo do mundo ao normal e o crescimento das viagens.
Na semana passada, a Unilever também anunciou um aumento dos preços em vários mercados devido ao crescimento do custo da soja, que subiu 20% no último trimestre e custa agora 80% mais do que ano passado. O óleo de palma é outra matéria-prima cujo preço aumentou em média cerca de 70%.
“A inflacção está a impactar-nos em todo o espectro de custos de produção de materiais, de embalagens e notavelmente nos fretes e nos custos de distribuição. Estamos e vamos continuar a puxar todas as alavancas nos preços e nas poupanças”, revelou o director financeiro da Unilever, Graeme Pikethly, aos investidores.
Os bancos centrais estão a ponderar como responder. As previsões dos economistas apontam para que os aumentos dos preços sejam temporários, mas caso as previsões estejam erradas, os bancos podem ter de cortar os apoios às economias abruptamente para conseguir controlar a inflacção.
Os anúncios da Nestlé e da Unilever estão a levantar questões sobre se estes aumentos de preços são consequências temporárias da pandemia ou se estas mudanças na produção podem ser permanentes e acabar por cortar o poder de compra dos consumidores.