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Nem a DGS nem a Segurança Social sabem o número real de infetados em lares

O Governo tem vindo a dizer que os lares de idosos são uma “prioridade total” em plena pandemia, mas não conhece o problema em detalhe. A DGS conta que sejam mais de 4.700 infetados, mas não tem número real, já a Segurança Social aponta para 3.200 casos e remete para a DGS.

Nos últimos meses, a pandemia tem vindo a causar muitas vítimas por todo o mundo, mas as há uma classe que tem sido mais sacrificada: os idosos. Nas últimas semanas o Governo admitiu usar uma estratégia para estar mais atento às necessidades dos lares, ainda assim existem algumas falhas. A Segurança Social e a Direção-Geral da Saúde (DGS) não sabem ao certo quantos utentes já foram infetados em lares de idosos desde o início da pandemia.

Questionada pelo Observador, a autoridade de saúde respondeu que, no que respeita às estruturas residenciais para idosos (ERPI), só dispõe de “dados acumulados relativamente aos óbitos” – que até ao passado dia 20 tinham sido 774  – e sobre o número de infetados atualmente.

Num e-mail enviado pela DGS ao Observador, a fonte afirma que que existem “662 utentes e 335 profissionais infetados, e 74 ERPI com registo de casos positivos. No final de abril, havia 2512 utentes e 1197 funcionários infetados em 365 lares, o que significa que atualmente há uma redução de 73% no números de casos”. Apresentando assim dados antigos, e que não permitem tirar conclusões sobre a situação atual.

Ao Observador, a fonte da DGS explicou ainda que a entidade com acesso a dados mais apurados sobre o assunto é o Instituto da Segurança Social, uma vez que a tutela das ERPI pertence ao ministério liderado por Ana Mendes Godinho. Contudo, e depois do Observador tentar ter acesso aos dados através desta instituição, o Instituto da Segurança Social voltou a passar a “batata quente” à saúde.

De acordo com a Segurança Social “a contabilização mais apurada de casos positivos em lares é feita pelas autoridades de saúde uma vez que são registados numa plataforma à qual só os médicos têm acesso”, pode ler-se no e-mail enviado ao Observador.

O facto de nem a DGS nem a Segurança Social estarem a par do número total de infetados em lares de idosos, pode levantar algumas dúvidas, como as colocadas recentemente pelo presidente da Assembleia da República.

“Não consigo perceber porque é que não se apreenderam lições da primeira fase e não se retiraram lições para a evolução da situação em julho e em agosto, nomeadamente”, afirmou Eduardo Ferro Rodrigues, no inicio deste mês. Perante estas declarações, Ana Mendes Godinho voltou a garantir que os lares de idosos têm sido “a prioridade total” do Governo.

Na mesma altura, Marta Temido referiu que “não podemos garantir que surtos não se repitam. O que podemos garantir é que aprenderemos com o que não correu tão bem”.

Em entrevista ao Observador, Rui Fiolhais, presidente do Instituto da Segurança Social, também recusou a ideia de que nada tenha sido alterado na gestão dos lares de idosos com estes casos e com o passar dos meses. “Nesta frente de batalha não há um antes nem um depois, há um presente constante”, garantindo que “as coisas não estão na mesma” e que a “capacidade de intervenção precoce cresceu, e muito, desde março”.

O presidente do ISS acrescentou ainda que “se a Segurança Social não estivesse como está, provavelmente o cenário que teríamos hoje seria um cenário comparável pela negativa com outros países onde a situação foi efetivamente particularmente complicada”.

À pergunta sobre quantos utentes já foram afetados pelo novo coronavírus desde março, Rui Fiolhais também não deu uma resposta assertiva.

ZAP //

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