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Quase um mês depois, Navalny anuncia o fim da greve de fome

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O opositor russo, preso desde janeiro, anunciou esta sexta-feira o fim da greve de fome que iniciou há 24 dias para denunciar as condições da sua detenção.

“Não retiro a exigência de ver o médico que é necessário, perdi a sensibilidade em partes das mãos e das pernas (…). Atendendo a esta evolução e a estas circunstâncias, começo a pôr termo à minha greve de fome“, escreveu Alexei Navalny numa mensagem publicada na sua conta de Instagram.

“Graças ao forte apoio de pessoas boas em todo o país e no mundo, obtivemos grandes progressos” disse ainda na mesma mensagem, após especificar que tomou a decisão ao ser examinado por médicos exteriores ao centro penitenciário.

O opositor russo, de 44 anos, iniciou a greve de fome a 31 de março em protesto pela recusa das autoridades prisionais em permitir a visita dos seus médicos após severas dores nas costas e dormência nas pernas. Os responsáveis do estabelecimento insistiram que estava a receber o tratamento adequado, mas Navalny negou.

Na quarta-feira, quatro peritos dos direitos humanos mandatados pela ONU indicaram que o detido estava em “grave perigo” e consideraram que devia ser enviado para o estrangeiro.

Esta quinta-feira, vários médicos que estavam a supervisionar o seu estado de saúde tinham pedido para que acabasse “imediatamente” com a greve de fome, por recearem a morte do ativista ou perigos “consideráveis” para a sua saúde.

“Enquanto médicos assistentes, apelamos a Alexei Navalny e pedimos-lhe que acabe imediatamente com a greve de fome para preservar a sua vida e a sua saúde”, indicaram cinco médicos, incluindo Anastassia Vassilieva, a médica particular do opositor russo, numa carta publicada por órgãos de comunicação social filiados à oposição ao Kremlin.

O grupo de médicos referiu que teve acesso aos resultados das análises feitas a Navalny desde a transferência, no início da semana, para um hospital dedicado aos cuidados de saúde de prisioneiros com tuberculose.

“Continuar a jejuar pode prejudicar significativamente a saúde de Alexei Navalny e pode levar ao resultado mais triste: a morte”, prosseguiu o grupo na carta divulgada por media da oposição.

O principal opositor de Vladimir Putin foi preso em janeiro ao regressar da Alemanha, onde esteve cinco meses em recuperação após um alegado envenenamento por um agente neurotóxico, atribuído ao Kremlin, acusações que as autoridades russas rejeitaram.

A prisão de Navalny desencadeou uma vaga de protestos em toda a Rússia, na maior demonstração de desafio ao regime russo dos últimos anos.

Antes, através de uma mensagem emotiva atrás das grades, Navalny disse que sente “orgulho e esperança” depois de saber, através do seu advogado, dos protestos em massa que decorreram em várias cidades russas a exigir a sua libertação.

Através de uma publicação, também no Instagram, Navalny considerou que as manifestações são “a salvação da Rússia”.

O ativista, de 44 anos, disse que não sabia o que “estava a acontecer realmente”, já que dentro da prisão apenas tem acesso a um canal de televisão, mas depois da visita do advogado ficou a saber da mobilização popular.

“As pessoas estão a marchar nas ruas. Isto significa que sabem e percebem tudo (…). Não vão desistir do futuro, do futuro das suas crianças, do país. Sim, vai ser difícil e negro durante algum tempo, mas os que historicamente atrasam a Rússia estão condenados. Há mais de nós de qualquer modo. A Rússia vai ficar feliz“, referiu.

Kremlin minimiza manifestações “ilegais”

A Presidência russa minimizou esta quinta-feira a importância das concentrações de quarta-feira em apoio ao opositor Alexei Navalny, que implicaram 1.800 detenções em diversas regiões da Rússia.

“Não vemos um motivo válido para comentar”, considerou o porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, acrescentando que “no seu conjunto, estas ações estavam à margem da lei porque não foram autorizadas”.

Para o porta-voz, “o principal acontecimento” de quarta-feira foi o discurso à nação de Vladimir Putin.

Milhares de manifestantes protestaram na noite de quarta-feira após um apelo dos apoiantes de Navalny, em greve de fome desde 31 de março, para denunciar as suas condições de detenção.

Os ativistas pró-Navalny apelaram a protestos numa centena de cidades, no dia do discurso ao país do Presidente russo Vladimir Putin.

Nas suas declarações, Putin advertiu os rivais estrangeiros sobre uma “resposta dura” a qualquer ação que ponha em causa os interesses da Rússia, num contexto de crescentes tensões com o ocidente em torno do caso Navalny e da Ucrânia.

Sem surpresa, não se referiu à situação do opositor, cujo nome próprio nunca pronunciou.

A mobilização dos apoiantes da oposição na quarta-feira foi inferior aos protestos que se seguiram à detenção de Navanly em janeiro, e a reação da polícia claramente menos repressiva, em particular na capital Moscovo.

De acordo com a OVD-Info, uma Organização não governamental (ONG), a maioria das cerca de 1800 detenções (806 pessoas) registaram-se em São Petersburgo, onde ocorreram algumas ações policiais.

Numa reação aos protestos, o chefe da diplomacia francesa, Jean-Yves Le Drian, denunciou esta quinta-feira uma “perseguição insuportável” contra Navalny e seus apoiantes.

“[Se o opositor morrer na prisão], decidiremos as necessárias sanções e responsabilizaremos (…) por este drama Putin e as autoridades russas”, acrescentou.

ZAP // Lusa

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2 Comments

  1. O Czar Vladimir O Terribilíssimo, se encontra-se numa encruzilhada: ” se correr o bicho pega, se ficar o bicho come”. Alexei Navalny é a pedra em seu sapato numa Rússia isolada e sem crédito e começando sofrer sanções fortíssimas. O grito de Joe Bindem : ASSASSINOOOOO! foi ouvido em Marte; aliança com Xi Jim Ping não garante poder, pois, a China é um “saco de gatos” e o virus HONG-KONG não tem antídoto. Diz o ditado popular ” o feitiço virou contra o feiticeiro”, aliás. contra os feiticeiros
    é o que pensa,joaoluizgondimaguiargondim- [email protected]

  2. Yah… Na Rússia, é que é bom. O comunismo e o socialismo no combate ao capitalismo, a defender os direitos das trabalhadoras e dos trabalhadores, das mulheres e dos homens… Dos homens não! Porque os “toda a gente sabe que os homens são feios”. Na Rússia é que é bom, há o direito à manifestação… legal. Sim porque tem de ser tudo dentro da lei ou seja confirme o Putin quiser!

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