Uma investigação da Universidade do Havai mostra um envelhecimento acelerado nos nativos havaianos, influenciado pelo estilo de vida e pelas condições socioeconómicas.
De acordo com o SciTechDaily, o ajustamento destes fatores pode ajudar a reduzir as disparidades em matéria de saúde, sugerindo uma abordagem proativa da política de saúde.
Um novo estudo, publicado pelo Journal of the American Medical Association, sugere que a idade pode ser associada a outros fatores, para além do ano de nascimento, nomeadamente a saúde, alimentação, exercício físico, profissão e educação.
Os investigadores da Universidade do Havai, em Mãnoa, descobriram, pela primeira vez, que os nativos do Havai apresentam um envelhecimento biológico mais acelerado do que os residentes brancos e nipo-americanos.
Além disso, descobriram que viver em ambientes adversos, como em bairros mais pobres, está associado a um envelhecimento biológico acelerado, independentemente da origem étnica.
No entanto, as experiências de vida podem ser protetoras contra o envelhecimento acelerado.
Alika Maunakea, autora principal do estudo e professora nativa havaiana de epigenética e investigadora de disparidades na saúde na Escola de Medicina John A. Burs, disse que “observamos que, apesar de viverem em bairros mais pobres, os indivíduos que praticavam mais atividade física, tinham um nível mais alto de escolaridade e dietas mais saudáveis tendiam a ter um envelhecimento biológico mais próximo do normal, o que estava independentemente associado a um menor IMC e menor risco de diabetes”.
Para determinar os resultados, Maunakea e a sua equipa analisaram amostras de AND de 376 participantes na coorte multiétnica em curso do UH Cancer Center.
O envelhecimento biológico refere-se à deterioração gradual das funções celulares e fisiológicas ao longo do tempo, refletindo a verdadeira idade do corpo a nível molecular e celular, que pode ser diferente da idade cronológica.
O envelhecimento biológico é determinado pelo estudo do ADN de uma pessoa, mas não da sequência de ADN que conhecemos como genética.
Conhecido como “metilação do ADN“, este processo epigenético controla a atividade dos genes e indica a idade biológica. Os cientistas podem medir este processo nas células sanguíneas para determinar se uma pessoa está a envelhecer mais depressa ou mais devagar do que os seus anos reais.
O envelhecimento biológico mais rápido é designado por aceleração da idade, que pode corresponder a problemas de saúde.
Maunakea espera que este estudo possa ajudar a elucidar sobre os mecanismos biológicos que ajudam a explicar as origens das disparidades de saúde nos nativos havaianos, a fim de melhor as abordar.
“Os resultados deste estudo têm implicações significativas para a saúde pública e podem ajudar a definir as políticas de saúde”, afirmou Maunakea.
“Certos fatores ao nível do bairro que influenciam a saúde, como o local onde se vive e o ambiente construído à volta, podem ser difíceis de alterar. No entanto, fatores de estilo de vida de nível individual, como educação, atividade física e dieta, podem ser melhorados através de programas federais, estaduais e comunitários, como MAʻO Organic Farms em Waiʻanae, uma região que luta contra as disparidades socioeconómicas e de saúde.
Os resultados do estudo são pessoais para Maunakea, visto que nasceu e cresceu em Waiʻanae, no Havai.
“Para mim, os resultados são mais uma prova de que o estilo de vida é importante para a saúde e que, como indivíduos, podemos fazer algo a respeito”, disse Maunakea.
“Ser nativo havaiano não nos torna destinados à doença, mesmo que vivamos em bairros pobres. Os nossos dados a nível molecular mostram claramente que a adoção de estilos de vida mais saudáveis reduz o risco de doença e, provavelmente, melhora a longevidade. Isto dá-me esperança de podermos, durante a minha vida, melhorar a saúde e o bem-estar geral dos nossos lāhui”.