“Eu não fui a Roma. Foram outros”. Moedas atira-se a Medina e corta com Sá Fernandes

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António Cotrim / Lusa

Carlos Moedas

Carlos Moedas, presidente da Câmara Municipal de Lisboa

Numa reunião da Câmara, Carlos Moedas atirou as culpas da polémica sobre os custos da Jornada Mundial da Juventude para o seu antecessor.

A polémica em torno dos custos na organização da Jornada Mundial da Juventude não dá sinais de abrandar. De acordo com o Diário de Notícias, o orçamento total aprovado pela Câmara Municipal de Lisboa para os três palcos que serão usados no evento é de apenas 705 mil euros mais IVA.

O responsável da Fundação JMJ, D. Américo Aguiar, prometeu na semana passada que os gastos seriam revistos em reuniões entre a Igreja, a autarquia, o Governo e outras instituições envolvidas na organização do evento.

Este anúncio surgiu após ter rebentado a polémica em torno dos 4,2 milhões de euros que Moedas adjudicou para a construção do altar-palco principal. Recorde-se que a Câmara de Lisboa aprovou 35 milhões de euros para as despesas com toda a Jornada Mundial da Juventude. A empresa escolhida por ajuste directo foi a Mota-Engil, que apresentou a proposta mais barata.

O caso do palco-altar levou até a que a relação entre José Sá Fernandes, que foi nomeado pelo Governo para coordenar o grupo de acompanhamento da JMJ, e a Câmara Municipal de Lisboa azedasse.

A relação entre ambas as partes já não era pacífica há muito tempo, mas deteriorou-se ainda mais após Sá Fernandes ter publicamente desmentido Carlos Moedas. O Governo já reafirmou a sua confiança em Sá Fernandes enquanto que o autarca de Lisboa está a disparar contra o seu antecessor, Fernando Medina.

O conflito começou com a discussão mais detalhada dos encargos de cada parte na organização da JMJ, tendo Lisboa até perdido para Oeiras um dos principais eventos onde o Papa vai marcar presença.

Em Novembro, quando foi chamado ao Parlamento para explicar como vai a preparação do evento, Sá Fernandes passou um raspanete às autarquias e sugeriu até que alguns valores apresentados pelos custos estariam inflacionados.

Já a Câmara de Lisboa recusou sempre responder directamente a Sá Fernandes, referindo-se apenas à sua relação com o executivo. “A nossa relação com o Governo, principalmente com a ministra Ana Catarina Mendes, tem corrido bastante bem e temos trabalhado juntos. Por isso, essas declarações não me merecem mais comentários”, afirmou Filipe Anacoreta Correia ao Público no início do ano.

Relação com Sá Fernandes azeda de vez

Após ser conhecido o valor do palco-altar, a troca de galhardetes entre Moedas e Sá Fernandes chegou a um novo nível. O autarca de Lisboa justificou o custo astronómico dizendo que teve de “começar do zero” a preparar o evento, algo que o vereador dos espaços verdes do mandato de Medina desmentiu, dizendo que a CML tinha opções mais baratas à sua disposição.

“A versão que nós [ex-executivo camarário] tínhamos deixado do altar as pessoas não gostaram. Estão no seu direito. Há uma segunda versão que foi feita pela SRU [Sociedade de Reabilitação Urbana] que não exigia mais fundações. E, de repente, aparece esta, que exige fundações. E, portanto, fiquei surpreendido, porque a solução é muito mais cara”, afirmou também Sá Fernandes.

Estes comentários levaram a que Moedas cortasse de vez as relações com Sá Fernandes, tendo afirmado na segunda-feira que ia assumir directamente tudo o que a autarquia fará na organização da JMJ.

Filipe Anacoreta Correia, vice-presidente da Câmara, deixou ainda mais claro o afastamento de Sá Fernandes. “Quando o presidente da câmara diz ‘eu agora é que coordeno’, o que está a dizer é que nós não aceitamos mais pretensos coordenadores que não fazem nada e que não ajudam a resolver nada”, disparou.

Moedas atira-se a Medina

Na reunião à porta fechada da CML esta quarta-feira, Moedas voltou a criticar Sá Fernandes e também atirou farpas a Medina. “Eu não fui a Roma dizer o que íamos fazer. Foram outros. Em 2019, todos os responsáveis políticos, alguns hoje no Governo [Fernando Medina], gritaram de felicidade, mas ninguém fez nada”, cita o Observador.

O autarca considera ainda que o evento é demasiado “importante para ser politizado”. “Vamos receber um chefe de Estado, mas não é um chefe de Estado qualquer — é uma visita de Estado que traz consigo mais de um milhão de pessoas”, terá dito.

Filipe Anacoreta Correia foi mais longe, afirmando que Sá Fernandes vai manter o cargo de coordenador até Dezembro de 2024 para “fazer uns relatórios”. “É preciso ter noção que isto não é uma brincadeira. Não se gere um dossiê destes ao serviço do vento. Isto não é para meninos. Estamos a falar de uma coisa séria”, insistiu.

Dado terem competências diferentes, este corte de relações não deve afectar o trabalho do Governo e da CML. O Governo é responsável pelos planos de mobilidade, saúde e segurança, iluminações, transmissões, casas de banho, decks e zonas de jornalistas. Já à autarquia cabe tratar dos palcos e audiovisuais nos recintos e das zonas de convidados.

Adriana Peixoto, ZAP //

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8 Comments

  1. Este Moedas e a sua equipa são uns santinhos…………… Porque começou só agora Já lá está há mais de 1 ano. Porque não começou logo a trabalhar. Esteve a dormir ……………..

  2. “Vamos receber um chefe de Estado, mas não é um chefe de Estado qualquer”, a mim não me diz nada , é mais importante o Presidente da Camara de Leiria ou de outra cidade que essa Personagem que nada acrescenta na minha vida e vou ter de pagar mesmo não o querendo ver, Normalmente os eventos que vou são pagos pelos que lá vão e não por todos os contribuintes.

  3. Entretanto o Sá Fernandes continua a ganhar o seu vencimento com o dinheiro dos portugueses e a fazer tricas políticas com um assunto sério. O Governo de Portugal paga com dinheiro dos portugueses para que o Sá Fernandes seja o agitador, distraindo-nos da governação e dos “casos e casinhos” e das situações de acumulação de cargos como o caso da Jamila Madeira.
    O dinheiro dos portugueses serve para tudo isto.

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