Cozinhar num fogão a gás liberta partículas nanométricas no ar que aumentam o risco de as pessoas desenvolverem asma ou outras doenças respiratórias.
O estudo, levado a cabo por cientistas da Universidade Purdue, concentrou-se em analisar as minúsculas nanopartículas libertadas, que têm entre um e três nanómetros de diâmetro, o tamanho ideal para atingir certas partes do corpo, nomeadamente o sistema respiratório, e espalhar-se para outros órgãos.
“A combustão continua a ser uma fonte de poluição atmosférica em todo o mundo, tanto no interior como no exterior. Descobrimos que cozinhar no fogão a gás produz grandes quantidades de pequenas nanopartículas que entram no sistema respiratório”, resumiu Brandon Boor.
Usando equipamentos de qualidade do ar de última geração, os cientistas conseguiram medir as partículas enquanto cozinhavam num fogão a gás no interior de um laboratório que simulava uma “casa minúscula”, mas equipado com sensores para monitorizar de perto o impacto das atividades diárias na qualidade do ar.
Segundo o New York Post, a equipa recolheu dados extensos sobre partículas de aerossol de nanoaglomerados internos durante estas experiências. Esta magnitude de dados permitiu-lhes comparar as suas descobertas com níveis conhecidos de poluição do ar exterior, que são mais regulamentados e compreendidos do que a poluição do ar interior.
A conclusão foi surpreendente: podiam ser emitidos até 10 quatriliões de partículas de aerossol de nanoaglomerados por quilograma de combustível de cozinha – igualando ou excedendo as produzidas por veículos com motores de combustão interna.
Isto significa que adultos e crianças podem respirar 10 a 100 vezes mais nanopartículas ao cozinhar num fogão a gás em ambientes fechados do que respirariam pelo escape de um carro numa rua movimentada.
Os resultados revelaram que as partículas de aerossol dos nanoaglomerados são muito persistentes no seu percurso do fogão a gás para o resto da casa.
Embora muitas partículas se tenham difundido rapidamente para outras superfícies, as experiências mostraram que entre 10 mil milhões e 1 bilião poderiam depositar-se nas vias respiratórias e na região traqueobrônquica dos pulmões de uma pessoa enquanto um fogão estava ligado.
Com base nas descobertas, os cientistas aconselham a, caso não tenha um fogão de indução, ligar o exaustor da cozinha enquanto cozinha no fogão a gás.
“Como a maioria das pessoas não liga o exaustor enquanto cozinha, ter exaustores que se ativem automaticamente seria uma solução lógica”, concluiu Boor.
O artigo científico foi publicado na PNAS Nexus.