Na maior família do mundo com Alzheimer, uma mulher parece ter a chave para a prevenção. Apesar de ter um alto risco genético de desenvolver a doença aos 40 anos, a colombiana escapou devido a uma mutação rara no seu ADN.
Durante várias gerações, milhares de parentes desta mulher na cidade de Medellín, na Colômbia, têm sido atormentados por uma mutação genética – conhecida como E280A – que leva à demência precoce.
Esta peculiaridade genética em particular afeta apenas um pequeno subconjunto de pacientes com Alzheimer, muitos dos quais vivem nesta cidade, e quase sempre leva ao declínio cognitivo a partir dos 44 anos.
Durante décadas, neurologistas estiveram fascinados por esta mutação e pela família que a carrega. No entanto, dos seis mil membros vivos deste grande clã, há um indivíduo que se destaca. Apesar de ter o mesmo risco genético que muitos dos seus parentes e um cérebro cheio de sinais marcantes da doença de Alzheimer, a memória desta mulher permaneceu notavelmente resistente.
De acordo com os neurologistas, a mulher não mostrou sinais de declínio cognitivo até atingir os 70 anos, três décadas mais tarde do que se esperava. Agora, os investigadores pensam que descobriram a razão, que pode ser outra mutação.
Analisando o cérebro e sequenciando o genoma de 1.200 membros da família, a equipa descobriu uma peculiaridade genética rara que poderia fornecer imunidade ao início precoce da doença. Os autores suspeitam que duas cópias de um gene chamado APOE3 Christchurch sejam responsáveis, pois a mulher parece ser a única no grupo que possuía os dois. Aqueles com apenas uma cópia da variação também apresentaram declínio cognitivo de início precoce.
Ao analisar o cérebro da mulher, os investigadores encontraram os níveis mais altos registados de proteínas amilóides. Estes aglomerados são marcas registadas da doença de Alzheimer. Assim como os seus parentes, a mutação genética da mulher colombiana, E280A, está ligada à superprodução de placas amilóides.
Para os autores do estudo, que foi publicado na segunda-feira na revista especializada Nature Medicine, pensam que os genes especiais desta mulher são um trunfo. “Ela tem um segredo na sua biologia”, disse o neurologista colombiano Francisco Lopera ao The New York Times. “Este caso é uma grande janela para descobrir novas abordagens.”
“Esperamos que as nossas descobertas galvanizem e informem a descoberta de medicamentos e terapias genéticas, para que possamos testá-los em estudos de tratamento e prevenção o mais rápido possível”, disse Eric Reiman, neurocientista no Banner Alzheimer’s Institute ao Harvard Gazette.
Yadong Huang, neurocientista do Gladstone Institutes, em San Francisco, que não participou na investigação, disse à revista Science que o caso é “muito especial” e pode abrir novos caminhos para pesquisa e terapia.
Michael Greicius, da Universidade de Stanford, concorda, chamando o estudo de “excelente e instigante”, mas lembrou à STAT News que este era apenas um caso extremamente incomum. Aliás, a genética da mulher pode mesmo ser totalmente único.
la se vai a teoria cientifica de que as doencas sao geneticas
Ora bem. Pode estar nos genes, mas é o ambiente que nos rodeia e os alimentos que ingerimos, químicos que nos rodeiam, os hábitos familiares, que vai permitir que a doença se manifeste ou não.
é uma mania da ciência dizer que as doenças são genéticas.