“Quanto mais prima mais se lhe arrima”? Não, na Islândia a endogamia é coisa que preocupa. Para os islandeses, pedir os documentos antes de “namoriscar” com alguém é um procedimento de segurança genética.
A Islândia tem cerca de 390.000 habitantes – pouco menos do que a população residente no distrito de Coimbra.
Para os conimbricenses, pode sempre haver um primo em Arganil, outro em Cantanhede, um na Figueira da Foz, e ainda aquele em Oliveira do Hospital… Na Islândia, é igual. Há um primo em cada canto.
A diferença é que Coimbra, como dizia a personagem daquela cidade Bruno Aleixo, é um local mais propício aos fluxos migratórios e, por isso, há muito mais variedade genética. Por outro lado, a Islândia é um lugar muito mais isolado e, por isso, o risco de endogamia – união entre indivíduos geneticamente semelhantes – é muito maior.
A probabilidade de um islandês entrar num bar e apaixonar-se, acidentalmente, por uma prima é elevada. Por isso é que uma das premissas do amor na Islândia deve ser: “quanto mais afastados melhor”.
Parece controverso, mas “mais vale prevenir do que remediar um primo”.
Por falar em provérbios… se em Portugal há aquele do “quanto mais prima mais se lhe arrima”, que encoraja o incesto; na Islândia, a consanguinidade está longe de ser uma brincadeira. Foi, precisamente, para combater o envolvimento entre pessoas com a mesma ascendência que nasceu o ÍslendingaApp.
É uma espécie de Tinder, mas para evitar namorar com primos.
Esta aplicação, criada em 2012 para evitar o incesto entre a pequena população do país, foi feita a partir de uma base de dados genealógica nacional que contém dados de 700.000 islandeses, entre vivos e mortos, desde há 1.200 anos.
Na app, de forma muito simples, é possível consultar o grau de parentesco com outra pessoa e decidir se é ou não “muito próximo antes de ir mais longe”.
Quando duas pessoas se conectam, a ÍslendingaApp consulta a base de dados; e, em segundos, diz se existe algum grau de parentesco.
Como escreve o portal Já Imaginou Isso, apesar do seu tom lúdico, a aplicação é levada muito a sério, especialmente porque também é vista como uma ferramenta cultural e histórica. Além disso, trata-se de uma das bases de dados genealógicas mais completas do mundo. Nem o Tinder é tão versátil.