Myanmar. Governo autoproclamado declara “guerra defensiva” contra a junta militar

STR / AFP

O autodenominado Governo de Unidade Nacional de Myanmar (antiga Birmânia), composto por políticos e ativistas pró-democracia, declarou uma “guerra defensiva” contra a junta militar e apelou à rebelião popular.

“Hoje [terça-feira] iniciamos uma guerra defensiva do povo contra a junta militar”, declarou o presidente interino do Governo de Unidade Nacional (NUG, na sigla em inglês) Duwa Lashi La, num vídeo enviado aos meios de comunicação social.

“Durante esta revolução popular, todos os cidadãos da Birmânia devem revoltar-se em todo o país contra a junta militar, liderada por Min Aung Hlaing”, general que lidera os militares no poder, sublinhou, citado pela agência Lusa.

Em 1 de fevereiro deste ano, o exército birmanês tomou o poder e afastou o governo democrático, liderado ‘de facto’ por Aung San Suu Kyi. O país tem estado numa crise profunda desde o golpe militar, rejeitado por uma grande parte da sociedade birmanesa.

A comunidade internacional, como a União Europeia, os Estados Unidos e o Reino Unido, anunciou sanções nos últimos meses contra a junta militar, cuja repressão custou a vida a mais de mil pessoas. A China e a Rússia apoiam a junta militar e bloquearam as tentativas do Conselho de Segurança da ONU de impor um embargo de armas.

Embora a resistência à junta militar fosse inicialmente pacífica, a contestação civil é agora também armada, apesar da falta de conhecimento militar por parte da oposição.

O exército birmanês justificou o golpe militar com uma alegada fraude eleitoral nas eleições de novembro passado, que o partido da líder deposta, Aung San Suu Kyi, venceu, como em 2015, num escrutínio considerado legítimo pelos observadores internacionais.

A Nobel da Paz está sob custódia das autoridades birmanesas desde as primeiras horas do golpe militar, acusada de vários crimes. No processo a decorrer no tribunal da capital birmanesa, é acusada de incitação ao ódio, de uma alegada importação ilegal de aparelhos eletrónicos e de violação das normas contra a propagação da pandemia de covid-19.

Suu Kyi, que permanece detida num local desconhecido após ter passado várias semanas em prisão domiciliária, também enfrenta uma acusação por violação de informações secretas, processo que está a decorrer em outro tribunal em Rangum. Neste caso concreto, pode incorrer numa pena de prisão até 14 anos.

// Lusa

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