Militares entendem que a votação não foi “livre e justa”. Anúncio da anulação das eleições de 2020 não foi acompanhado de uma data para a realização de um novo ato eleitoral — tal como seria expectável.
Depois de em fevereiro ter organizado um golpe que retirou do poder Aung San Suu Kyi (Nobel da Paz), a junta militar birmanesa anunciou esta segunda-feira que os resultados do ato eleitoral seriam anulados por entender que a votação não decorreu de forma “livre e justa“. A comissão eleitoral justifica a decisão com uns alegados 11 milhões de casos de fraude detetados.
“A Liga Nacional para a Democracia (NLD) tentou tomar o poder em detrimento de outros partidos e candidatos, usando indevidamente as restrições da Covid-19“, disse Thein Soe, presidente da comissão eleitoral. “Não foi livre e justo, razão pela qual o resultado das eleições de 2020 foi anulado”, acrescentou.
A junta já tinha anunciado a intenção de convocar novas eleições nos próximos dois anos, apesar de até ao momento não ter sido avançada qualquer data — paralelamente, e tal como lembra a Lusa —, os militares também ameaçam dissolver o NLD.
Desde 1 de fevereiro, data do golpe, que Aung San Suu Kyi está detida por acusações de violação de restrições de saúde e importação ilegal de walkie-talkies, entre outras, que lhe podem valer mais de dez anos de prisão.
De acordo com as organizações não governamentais, mais de 900 pessoas perderam a vida desde fevereiro na sequência de ações violentas dos militares em protestos da população. A crise sanitária provocada pela pandemia está a ser especialmente trágica no país, com a junta a desviar oxigénio que se destinava aos doentes Covid-19 para hospitais militares, à semelhança do que aconteceu com as vacinas.
De acordo com informações divulgadas pelo Banco Mundial, a economia birmanesa deverá cair 18% em 2021.
O Otelo lá do sítio a comandar a junta militar e o bem-estar do povo está assegurado!