“Má escolha de palavras”. Elon Musk absolvido das acusações de fraude por tweet

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Elon Musk, fundador e CEO da Tesla e SpaceX

Um júri dos EUA considerou esta sexta-feira que o CEO da Tesla, Elon Musk, e a sua empresa não eram responsáveis por enganar os investidores quando em 2018 o empresário anunciou ter “financiamento garantido” para retirar da bolsa o capital da empresa de veículos elétricos.

O julgamento de Elon Musk, acusado por investidores de ter publicado um tweet fraudulento, teve lugar em São Francisco, depois de um juiz da Califórnia ter rejeitado um pedido dos advogados do empresário para encerrar o caso.

Os autores da ação reivindicavam milhares de milhões de dólares em danos.

Segundo a Agência Reuters, cerca de duas horas após o início das deliberações, o júri apresentou, em veredicto unânime, a decisão de absolver Elon Musk.

Musk, que usa frequentemente o Twitter para expor as suas opiniões muitas vezes controversas, considerou a decisão “importante” e mostrou-se “profundamente agradecido” ao júri.

“Graças a Deus, a sabedoria do povo prevaleceu“, escreveu no Twitter o empresário, que não esteve presente no tribunal quando o veredicto foi lido.

O advogado dos investidores queixosos, Nicholas Porritt, disse em comunicado estar desapontado com o veredicto. “Estamos a considerar os próximos passos”.

Em agosto de 2018, Musk anunciou numa publicação no Twitter que tinha financiamento suficiente e planeava fechar o capital da empresa.

A mensagem provocou uma forte oscilação no preço das ações durante alguns dias.

Na altura, a Comissão de Títulos e Câmbio dos Estados Unidos (SEC) acusou o fundador e presidente da Tesla de fraude, por ter “manipulado artificialmente o preço das ações” da empresa.

Na sequência do anúncio do veredicto de absolvição, o valor das ações em bolsa da Tesla subiu 1,6%. Segundo o analista financeiro Dan Ives, alguns investidores temiam que Musk pudesse ter que vender mais ações da Tesla se perdesse a ação.

O advogado de Musk, Alex Spiro, defendeu durante o julgamento que o tweet de “financiamento garantido” de Musk era “tecnicamente impreciso“.

“Todo o caso é baseado numa má escolha de palavras”, sustentou o advogado. “Mas quem é que se importa com a má escolha de palavras?”

Minor Myers, professor de direito societário na Universidade de Connecticut, que tinha considerado que os queixosos tinham um caso forte, confessou-se “surpreendido com o resultado” do julgamento.

A lei anti-fraude dos EUA “foi sempre considerada um grande baluarte contra declarações enganosas e falsidades”, explica Myers. “Este resultado faz-nos perguntar se está à altura do que é necessário nos mercados modernos”

Segundo Myers, após este veredicto, é agora provável que Musk reforce as suas táticas de comunicação no Twitter — que adquiriu em outubro.

O veredicto é mais uma vitória para Musk e o seu advogado, quem em 2019 ganharam a ação num processo por difamação contra o bilionário, depois de este ter chamado “pedófilo” a um mergulhador.

O processo por difamação, que envolvia uma indemnização de 190 milhões de dólares, tinha sido intentado pelo espeleólogo e consultor financeiro britânico Vernon Unsworth, a quem Musk tinha chamado “pedo guy“.

Unsworth tinha qualificado de “truque publicitário” a oferta de Musk de enviar um mini-submarino para realizar o resgate de oito jovens que se encontravam presos numa gruta na Tailândia.

ZAP //

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