Pode a música ser a nova linguagem da química? Eis a sonificação molecular

Kay in t Veen / Flickr

A música surge como o meio-termo ideal entre as representações visuais das moléculas preferidas pelos humanos e as representações em texto de que os computadores gostam mais.

A música costuma ser vista como a linguagem ideal para nos transmitir emoções que as meras palavras não conseguem causar. Mas e a música também poder ser útil na ciência?

Um estudo publicado na ChemRxiv ponderou sobre a possibilidade da música ser a nova linguagem da química, mais especificamente, das estruturas moleculares.

Os investigadores criaram uma técnica que converte a estrutura das moléculas orgânicas em composições musicais num formato que pode ser interpretado por humanos e também por máquinas.

As moléculas são tipicamente representadas como arranjos complexos de anéis e correntes, o que facilita a distinção visual entre cada uma para nós. No entanto, os computadores têm mais dificuldades em interpretar representações visuais do que texto, o que obriga os químicos a fazer a conversão, usando um código de letras e números para descrever as estruturas químicas.

Quanto mais complexas e mais átomos têm as moléculas, maiores são os seus nomes em texto, o que faz com que os estes pareçam um salada de letras e números sem sentido para o olho humano.

Isto só vem dar mais dores de cabeça aos químicos, que já têm grandes missões em mãos. Será que há alguma forma de se representar as moléculas de uma forma que seja de interpretação fácil para humanos e para computadores?

Foi a tentar responder a esta questão que os investigadores se depararam com a música, que permite criar representações únicas para cada molécula ao usar sequências de tons, ritmos e melodias diferentes.

A técnica foi apelidada de sonificação molecular e é uma subcateria de da sonificação dos dados, uma técnica que já é usada no rastreio de doenças cardíacas ou na busca de estrelas de neutrões, escreve o BigThink.

Os cientistas atribuíram notas musicais às moléculas tendo por base as propriedades físico-químicas das moléculas. O algoritmo que criou o código soma propriedades como a massa molecular, as ligações do hidrogénio, ou o coeficiente de partição e transforma-as numa das 12 notas musicais principais. A organização dos átomos determina a melodia da composição.

Esta inovação dá aos estudantes uma nova forma de aprender conceitos químicos. A sonificação molecular também torna as estruturas das moléculas acessíveis aos químicos cegos e com dificuldades visuais.

ZAP //

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